TERRA IRADA
Expressões comunitárias de música

O título deste programa vem de um fado do mesmo nome, popularizado por Fernando Maurício, “O Rei do Fado”, como muitos o chamam. A canção em si lida com a força encontrada nas raízes das comunidades, da alma, da existência, da independência, a partir de um ângulo simples, claro, e filosófico, que é crucial salvar no meio da imposição de uma cultura despersonalizada e anónima, e da contínua luta por direitos, liberdade e emoção, que permeia a nossa presente realidade. Mais ainda, vem do centro de uma estrutura popular que tem sido vampirizada pelo capitalismo, que continuamente tenta privá-la das suas funções e virtudes fundamentais, enquanto ao mesmo tempo cria um simulacro de uma celebração vazia da sua própria imagem estilizada. Artistas como Fernando Maurício e uma canção como "Terra Irada" estão absolutamente para lá desse processo. Defender ambos, é defender o que é precioso.

A trama desta proposta de programa tem que ver com bases, com expressões de alguma forma comunitárias de música — que é o mesmo que dizer pessoas de todas as partes do mundo —, dando um foco especial às manifestações locais, mas também à panóplia mundial de ligações interculturais que Portugal desenvolveu, de maneiras várias e maioritariamente convulsas ao longo dos séculos. Ao mesmo tempo, procura lidar com tangentes cruciais de outras fações da luta pós-colonial, como exemplos de emancipação (mesmo quando ainda pioneiras) de visões e estruturas culturais e, até certo ponto, com independência socioeconómica.

Nota: O arco e desenho deste programa foi desenvolvido vários meses antes da pandemia global da Covid-19. Decidimos manter o eixo dos conceitos gerais do programa tendo em conta que os assuntos que aborda parecem ser ainda mais pertinentes daquilo que já eram antes da crise atual. Tendo em conta a nossa situação presente, as avenidas e plataformas dentro das quais este programa irá ser posto em prática são bastante líquidas, já que estão dependentes de tantas variáveis que estão para lá do controlo de quem quer que seja.

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