Agenda Interferências
Interferências: Culturas Urbanas Emergentes apresenta outras dimensões da cidade, esta onde estamos instalados. Olha para todas as esquinas e não sempre para as mesmas. Olha para a diversidade e a força que constitui, desocultando corpos e suas histórias, numa metrópole segmentada e antagónica.
Os núcleos da exposição (Preâmbulo, Contra a Mudez das Paredes, Coerção, Resistência e Identidades, Desenho de Cidade: Comum, Nós por Nós, Cidade Rede, Direito ao Imaginário, Padrão) e os seus temas dão o mote a uma agenda de eventos que também compõem a narrativa de Interferências, parte dos quais pretende-se que gerem contributos que integrarão a exposição, num projeto dinâmico revelado ao longo dos seis meses em que estará patente ao público.
O itinerário da exposição cruza-se com os vários momentos da agenda, com núcleos temáticos de carga simbólica equivalente que funcionam também de modo independente, gerando diálogos com a linha estruturante da exposição: o desenho da cidade e os seus atores.
Os elementos em exposição e os momentos imateriais programados servem para descodificar ausências. Aqui nada é definitivo. A exposição organiza-se também como um cadavre exquis, reservando espaço para que através de workshops e ao longo dos cinco meses de trabalho, novas adendas possam contribuir para este diálogo.
Oficinas
Programados em colaboração com o Iminente e conduzidos por artistas, os workshops estão agendados no desenho da exposição e os resultados podem transitar para a mesma. Garantem a interação do público com a exposição e a reinterpretação da mesma.
Conversas
Discussão das temáticas associadas aos núcleos da exposição.
Visitas informais
Programadas com Tristany, as visitas realizam-se dentro da exposição num ambiente que se pretende descontraído, quase de bairro. Convidam intérpretes que interagem com os diversos núcleos da exposição.
Performances
Conjunto de atuações performáticas com origem em diferentes expressões artísticas (dança, música, teatro) que retrata, através dos corpos, as várias formas de viver e pensar numa Lisboa mais alargada.
Projeções
Apresentação de documentários icónicos sobre algumas das tensões abordadas na Sala Estúdio do maat. As exibições contam com a presença dos realizadores e dos próprios retratados, permitindo uma reinterpretação da sua evolução histórica.
Agenda
07/05/2022
11.00 – Visita informal à exposição
Com os artistas e curadores
12.00 – Conversa “Museus e Comunidade”
Com Mariana Duarte, Airton Cesar e Nuno Varela, com moderação de Ana Bigotte Vieira.
15.00 – Conversa “O Mercado da Arte”
Com Vera Cortês, Ana Marín e Rodrigo Oliveira, com moderação de Pauline Foessel.
16.30 – Projeção "Era Uma Vez Um Arrastão", Diana Andringa e Bruno Cabral, 2005
18.00 – Performance de Real G.U.N.S
10/06/2022
No âmbito de Interferências, acontecerá ainda a reinterpretação do Painel do Mercado do Povo, uma intervenção mural coletiva promovida pelo Movimento Democrático dos Artistas Plásticos e realizada a 10 de junho de 1974. Integrando as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que se iniciam já em 2022, esta intervenção decorrerá nos jardins do maat e contará com a participação de 48 artistas, entre artistas envolvidos na criação do painel original, artistas da exposição e outros que se destacaram na cena artística portuguesa ao longo dos últimos 48 anos de democracia, que este ano se completam. A estes artistas juntar-se-ão outros da música e performance, numa programação a cargo do Festival Iminente.
11/06/2022
11.00–12.00
Visita informal Hinu Digra
A performance de Tristany consiste na participação de três figurantes que percorrem o espaço do maat cantando o tema “Hinu Digra” em três locais específicos da exposição Interferências. Esta atividade dá início ao itinerário musical do artista no maat.
12.00–13.00
Conversa Cidade Pós-colonial com AFROPORT, Flávio Almada, Apolo de Carvalho e Iolanda Évora
A revolução e as independências terminaram formalmente com um percurso de séculos de colonialismo português. 48 anos passaram e a expansão da cidade de Lisboa enquanto metrópole europeia ainda reflete discursos e gestos coloniais, não só na manutenção e valorização de determinadas iconografias e imaginários, bem como privando milhares dos seus moradores de uma cidadania plena.
Que diagnóstico podemos fazer da cidade pós-colonial? Qual a resistência necessária? Que responsabilidade institucional existe?
15.00–16.00
Conversa Juventude Sitiada, com Nuno Barbosa, Carla Alves, Nélson Moreira, Linda Cerdeira
Numa metrópole em envelhecimento, é nos bairros periféricos que encontramos um contributo para o rejuvenescimento. No entanto, o processo de crescimento desses jovens parece armadilhado pelo racismo e estereótipos, controlo policial, judicial e institucional, tornando inacessível o usufruto de alguns direitos básicos: educação, habitação digna, saúde, mobilidade e expressão cultural.
Que caminhos são estes destinados aos jovens da periferia? E que outros itinerários poderá haver?
16.30–17.45
"Alcindo"
2021, 75 min
Documentário realizado por Miguel Dores.
A 10 de junho de 1995, sob o pretexto múltiplo de celebrar o Dia da Raça e a vitória do Sporting na Taça de Portugal, um grupo volumoso de portugueses nacionalistas e etnocêntricos sai às ruas do Bairro Alto para espancar pessoas negras que encontra pelo caminho. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal, cuja trágica morte na Rua Garret atribui o nome ao processo de tribunal – o caso Alcindo Monteiro. Este é um documentário sobre uma noite longa, uma noite do tamanho de um país.
18.00–19.00
Lukanu Mpasy é performer, bailarino, produtor, iniciou o seu percurso aos 9 anos passando por formações em dança moderna, hip hop, kuduro e teatro físico dentro e fora de Portugal. De momento desenvolve o seu trabalho ligando a dança, performance e vídeo muito voltada para as redes sociais dialogando diretamente com o seu público.
30/06/2022
Oficina “Histórias Invisíveis”, por Petra Preta e Puçanga
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02/07/2022
11.00–11.30
Visita informal "Konstroi outra vex", com Tristany e FONTE
18/08/2022
Oficina “Direito ao Imaginário”, por Royal Skuare
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27/08/2022
Oficina “Mapeamento da Cidade”, por António Brito Guterres, Emma Andreetti, Onun Trigueiros
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03/09/2022
11.00–12.00
Visita informal à exposição
Programadas com Tristany, as visitas realizam-se dentro da exposição num ambiente que se pretende descontraído, quase de bairro. São convidados intérpretes que interagem com os diversos núcleos da exposição.
Performers: Mava e Valdo
Cocuradoria de Tristany com os curadores da exposição
12.00–13.00
Conversa “Desenho Habitado”, com Ana Rita Alves, Anita Lopes, Julia Nogueira
Moderação de Ana Naomi de Sousa
A conversa "Desenho Habitado" questiona quem realmente desenha a cidade que habitamos, através das experiências de vida e de trabalho de quatro mulheres que vivem em Lisboa.
15.00–16.00
Conversa “Rua e Galeria”, com Maria Imaginário, Obey SKTR e Ricardo Campos
Moderação de Teresa Fradique
“O outrora considerado vândalo, o não artista, é finalmente autorizado no museu, na galeria… Hesitante, sente o peso sobre os seus ombros (…).” (Obey SKTR)
A rua como galeria, a galeria na rua ou a rua na galeria? Os processos de artificação e esteticização de práticas de criação alternativas, em particular aquelas que emergem em contexto urbano, têm sido amplamente discutidos. Nesta conversa, pretendemos pensar o gesto artístico e a sua institucionalização enquanto interferência. O que acontece quando estes dois espaços se encontram no frente-a-frente dos seus movimentos próprios em ação? Convidamos todas e todos, artistas, especialistas e públicos a refletir connosco sobre os possíveis efeitos, consequências e impactos que daqui podem emergir.
16.00–17.00
Projeção "Outros Bairros", Kiluanje Liberdade, Inês Gonçalves e Vasco Pimentel, 1999
Outros Bairros é um documentário sobre os adolescentes de origem africana nascidos em Portugal. Existe um novo fenómeno cultural nos bairros periféricos de Lisboa, Pedreira dos Húngaros, Fontaínhas, Cova da Moura, Monte da Caparica, Arrentela, etc, protagonizado por adolescentes de origem africana nascidos em Portugal. Trata-se de uma verdadeira explosão de comportamentos, em grande parte inspirados em modelos culturais negro-americanos, mas que recorre largamente a formas africanas de expressão ainda próximas. É este recente fenómeno de orgulhosa afirmação de identidade étnica e é a riqueza das suas formas de expressão que interessa documentar e interrogar neste filme. Um documentário de Vasco Pimentel, Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade.
17.00–18.00
Projeção "Batida apresenta: O Princípio, O Meio, O Fim e o Infinito", Pedro Coquenão
Local de Batida que, durante todo o mês de fevereiro de 2020, mesmo antes da pandemia, ocupou a Casa Independente, preenchendo as suas paredes com peças como o Neon Colonialismo ou o Aluzejo, cruzando-as com outras, escolhidas a dedo, do acervo do Museu de Lisboa, como a maquete original do Padrão de Leopoldo de Almeida, aguarelas de António Costa Pinheiro ou a escultura dos Pretos de São Jorge. Autoria, Curadoria, Remix, Sampling de Museus? O ar foi ocupado com uma instalação Rádio e o palco com o musical IKOQWE de onde saíram os protagonistas e autores da banda sonora desta curta.
Em O Princípio, O Meio, O Fim e o Infinito são abordados temas como o próprio padrão, o racismo, o antirracismo, o colonialismo e o neon colonialismo e, inevitavelmente, a saúde mental. O primeiro corte foi estreado no Indie Lisboa e uma nova versão foi depois apresentada no Padrão dos Descobrimentos, provocando uma petição para a sua não exibição.
Fez ainda parte da seleção de filmes do Womex 2021, na cidade do Porto.
#neoncolonialismo
18.00–18.30
Performance por Filipa Bossuet
Filipa Bossuet (n. 1998) é uma mulher do Norte que utiliza pintura, fotografia e vídeo experimental para retratar processos identitários, negritude, memória e cura. Licenciou-se em ciências da comunicação, é discente no mestrado de Migrações, Inter-etnicidades e Transnacionalismo e é membro da UNA – União Negra das Artes.
18.30–19.00
Performance por Herlander
Herlander é um artista multidisciplinar baseado em Lisboa que vem reescrever as regras do standard popular musical com o seu som que roça um antipop mergulhando num lago sem género, vozes que harmonizam entre si e sons particulares que se sentam distintos numa só sala. Criado no bairro da Arrentela, Seixal, Herlander tem a sua abertura para música após mudar-se para Londres para produzir o seu primeiro EP experimental, “199”, onde toca assuntos pessoais de um jovem que se apaixona e lhe é quebrada essa paixão numa fase crucial na vida de qualquer adolescente. Após o lançamento do seu EP em 2018, Herlander volta, depois de um hiato em plataforma de dois anos, com uma sonoridade mais matura, magnânima e um timbre que lhe é exclusivo, espalhando por compilações alguns dos seus temas mais recentes, como "quem diriaiaia", "if you give it to me what's luv got to do with it?..." ou “don’t get their names out your mouth”, criando um protótipo ao seu segundo projeto que se aproxima e que foi aberto o arco de introdução no verão de 2021 com o tema "Gisela", lead single do projeto seguido de “Woohooo!!!” enquanto prepara o seu debut LP.
04/09/2022
Oficina “Memória Representada”, por Filipa Bossuet
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