Com curadoria de João Pinharanda, o mais recente projeto de Sandra Rocha resulta de um encontro entre imagens fixas e em movimento, realizadas maioritariamente nos Açores, e de leituras que acompanham as suas pesquisas: Ovídio, Gaston Bachelard, Emmanuel Coccia e Jean-Christophe Bailly.
Dando continuidade a séries precedentes, na exposição Da calma fez-se o vento, título adaptado a partir de um soneto de Vinicius de Moraes, Sandra Rocha coloca a figura humana no seu ambiente natural reforçando, nesta nova composição, a presença do elemento água: fluxo contínuo de energia que incorpora fortemente a ideia de movimento perpétuo defendida por Heraclito. Sumptuosos cenários de água simbolizam o início de um novo ciclo natural, uma forma de infinito que toca a transcendência e o sagrado. É neste ambiente harmonioso e ritualizado, onde coexistem humanos, animais, plantas e minerais que Sandra Rocha constrói uma narrativa poética que anula o curso do tempo e nos oferece uma forma eterna de recomeço.
Sandra Rocha (Açores, 1974) é licenciada pela UA – Universidade dos Açores e frequentou o curso de fotografia no Ar.Co – Centro de Arte & Comunicação Visual, em Lisboa. Em 2003, cofunda a Kameraphoto (2003–2012), o primeiro coletivo de fotógrafos em Portugal. Em 2008, integra o programa de “Criação e Criatividade Artística” da Fundação Calouste Gulbenkian e integra a galeria açoriana Fonseca Macedo. Em 2013, muda-se para Paris onde, em 2016, publica Le silence des sirènes (Éditions Loco), a sua primeira monografia em França, com um texto assinado por Michel Poivert. No ano seguinte, participa na Commande photographique nationale Regards du Grand Paris, que culmina com a publicação de La vie immédiate (Éditions Loco), livro selecionado em 2018 para o Prix du livre d’auteur, Rencontres d’Arles. Em 2020 expõe Le moindre souffle no Centre Photographique Île-de-France. Em 2022, abriu o novo programa de mentoria artística da Pernod Ricard, que culminou com a apresentação do projeto Le saut (Rencontres d’Arles, 2022).