“sou esparsa, e a liquidez maciça”*
Gestos de Liberdade
Ciclo BUALA no maat
Esbardalhanço
Andreia Cunha
A série Esbardalhanço começou como mecanismo de exibição de falha e vulnerabilidade nas redes sociais. Seguindo a opinião de alguns amigos sobre os “efeitos sociais” negativos de expressar o ridículo num perfil não anónimo ou não privado do Facebook (em oposição às imagens de sucesso mais adequadas às responsabilidades profissionais e sociais, como eles diriam), tudo começou por mostrar a literal queda desastrosa. Porém, às vezes, cair pode ser um simples investimento ético.
Andreia Cunha estudou Ciência Política em Lisboa. Foi diretora executiva do Teatro Municipal Maria Matos de 2008 a 2018 e assume a mesma função, desde 2019, no Teatro do Bairro Alto, dedicado a artes performativas emergentes e experimentais.
Modos de Fazer: Uma Agência Anticolonial de Género
Uma projeção com interrupções por Rui Vilela
“Desde 2016, tenho vindo a conversar com mulheres da Guiné-Bissau para conhecer as suas perspectivas sobre os modos de fazer o Movimento de Libertação. Anteriormente, conheci Francisca Pereira, Teodora Inácia Gomes e Tchadi Sambu. Mais recentemente, tive a oportunidade de conhecer Brinsam Nassentche, Nhema Turé e Segunda Lopes. Estes diálogos tornaram-se numa possibilidade para articular uma agência anticolonial de género, tal como realizada no cotidiano destas mulheres durante o Movimento de Libertação contra o domínio colonial português. Stephanie Urdang publicara já em 1979 o livro Fighting Two Colonialisms: Women in Guinea-Bissau. No entanto, pesquisas recentes da estudiosa Patrícia Godinho Gomes apontam para uma lacuna historiográfica ainda existente em relação aos percursos de vida das mulheres no contexto da luta. Das mulheres acima mencionadas, ouvimos que participaram ativamente na construção de um estado independente: foram combatentes, professoras, enfermeiras, comissárias políticas, e representantes internacionais.” Rui Vilela
Rui Vilela é um artista independente a viver em Berlim. O seu trabalho foi recentemente apresentado no Neuer Berliner Kunstverein. Está a fazer um doutoramento em música com especialização em Etnomusicologia na Universidade de Aveiro.
Farsa. Linguagem, Falência e Ficção: Ensaiar a Curadoria
Marta Mestre
Uma exposição sobre linguagem, fracassos, e ficção, Farsa (SESC – Pompeia, São Paulo, 2020) cruza a dimensão material dos discursos, a quebra da razão, e a vital fabulação da vida. Ao conectar propostas experimentais das décadas de 1960 e 1970 com artistas que surgiram no século XXI, a exposição enfatiza o poder da linguagem mas também as suas próprias estratégias de desconstrução, como potencial maquinaria. A exposição reúne artistas, escritores, e outros criadores, e cerca de 140 obras de arte históricas e contemporâneas. Apresenta trabalhos gráficos, colagens, poesia visual, publicações, objetos, e instalações que examinam as inter-relações entre linguagem e arte, poesia, política, e problemas de género. A palestra de Marta Mestre, curadora da exposição, aborda os conceitos de farsa e de paródia como meios de questionar o colonialismo na linguagem, e a ideia de uma história em aberto. Como tecer novamente o que é dividido e fragmentado?
Marta Mestre é curadora independente e trabalha em Lisboa e São Paulo. Formada em História da Arte e em Cultura e Comunicação, foi curadora em diversas instituições entre as quais o Instituto Inhotim (Minas Gerais, Brasil), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil) e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro (Brasil).
Leitura de poemas de Mulher ao Mar (2010) pela própria autora Margarida Vale de Gato.