Teias de Pensamento e Som
Programa público no contexto da exposição EXIST/RESIST – Obras de Didier Fiúza Faustino: 1995–2022
Este programa de dois dias convida oradores e artistas sonoros internacionais cujas obras se centram no corpo subordinado ao design normativo e ao paradigma colonial. Da prática do design à esfera social: de que modo tem a "forma" sido determinada e atua enquanto agência em condições socioespaciais específicas.
O tema do primeiro painel de discussão relaciona-se com a maneira como, ao longo dos anos, o corpo tem sido controlado através do design na história da arquitetura e a reação das práticas artísticas contemporâneas a isso. O segundo painel centra-se nos corpos de potencialidades transdecoloniais em várias cidades e geografias.
O objetivo do programa é expandir o pensamento de EXIST/RESIST na estreita relação que tem com várias práticas e lugares, e também a performance de som decolonial numa colaboração com a Radio AlHara da Palestina.
Com: Ana Naomi de Sousa, Carla Cardoso, Elias e Yousef Anastas, Francisco Díaz, Françoise Vergès, Piny, Radio Al-Hara, Mark Wigley.
26/01/2023
17.00–19.00
Corpos queering e práticas sociais
Com Carla Cardoso, Didier Fiúza Faustino, Piny e Mark Wigley
Moderação de Pelin Tan
O painel centra-se na discussão da arquitetura e do corpo não convencionais no âmbito do design e do paradigma normativos. No modo como, ao longo dos anos, o corpo tem sido controlado através do design na história da arquitetura e de que forma reage a prática artística contemporânea a isso.
27/01/2023
17.00–18.00
Corpo decolonial e territórios sem fronteiras
Com Ana Naomi de Sousa, Didier Fiúza Faustino, Elias e Yousef Anastas, e Françoise Vergès (online)
Moderação de Francisco Díaz
O painel de discussão reúne pensadores, curadores e profissionais para falar sobre as potencialidades transdecoloniais em várias cidades e geografias. A pressão política, a vigilância do corpo e as possibilidades de resistência do corpo decolonial através de práticas espaciais e do papel do design, do material, serão alvo de discussão.
19.00–20.00
Anastas e Didier Fiúza Faustino
Performance musical
Didier Fiúza Faustino e Yousef Anastas propõem-se improvisar uma performance de sobreposição de sons durante uma hora, comprometidos com explorações sónicas em territórios desconhecidos, ainda por apreender. Ambos os arquitetos pesquisam e fazem o levantamento de experiências sonoras no Sul global como recursos para assembleias espaciais e conhecimentos culturais alternativos. O evento musical será uma colaboração com a Radio Alhara, uma estação de rádio online palestiniana que transmite a partir de Belém desde o seu lançamento em março de 2020, durante o período de confinamento da COVID-19. A estação lançou o programa de rádio Sonic Liberation Front [Frente Sónica de Libertação] como resposta à brutal limpeza étnica no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.
Didier Fiúza Faustino é um artista-arquiteto e diretor do atelier Mésarchitecture, sediado entre Lisboa e Paris. O seu trabalho, assumindo a forma de instalações, esculturas, cenografia, filmes, projetos editoriais, arquitetura temporária ou contruída, transcende as fronteiras da sociedade, do design, da arte e da arquitetura, explorando a relação entre corpo e espaço. A primeira exposição institucional que abrange quase trinta anos da sua prática, com curadoria de Pelin Tan, está agora em exibição no maat – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa), e coincide com o lançamento de Architecture for Disquiet Bodies (Lars Müller Publishers), que nos dá uma visão geral de mais de 25 anos do seu trabalho. Faustino recebeu em 2018 o Prémio Pierre Cardin (Arquitetura) da Academia de Belas Artes/Institut de France e a Medalha de Prata de Arquitetura do Prémio Dejean 2010 da Academia Francesa de Arquitetura, e integra o Le FRENCH DESIGN 100. É representado por Michel Rein Paris/Bruxelas e pela Galeria Filomena Soares, em Lisboa.
Ana Naomi de Sousa é uma documentarista independente e escritora-jornalista que trabalha sobre resistência, política espacial, cultura popular e história. Realizou Angola: Nascimento de um Movimento, A Arquitetura da Violência, Hacking Madrid e Arquiteto Guerrilheiro, além do documentário interativo online Saydnaya, com a Forensic Architecture em colaboração com a Amnistia Internacional. A partir de Portugal, escreveu sobre racismo, violência policial, imigração e lutas laborais, habitação, cidadania e práticas espaciais de resistência. Colabora desde 2018 com o coletivo Decolonizing Architecture (DAAR) em projetos na Suécia (Living Room, 2018), e na Etiópia, Eritreia e Sicília (Afterlives of fascist colonial architecture, 2019 e 2021). Atualmente, está a trabalhar no seu primeiro documentário de longa-metragem e na tradução de português para inglês das obras seminais do teórico da arquitetura brasileira Sérgio Ferro, no âmbito do projeto Traduzindo Ferro, Transformando Conhecimentos.
Carla M. Cardoso é designer, professora e gestora cultural. Licenciada em Design de Produto na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa é diretora do Iminente onde coordena vários projetos. É professora nas licenciaturas em Design Industrial, Programação e Produção Cultural e nos mestrados de Design de Produto e Gestão Cultural na ESAD.CR. Entre 2002 e 2012 foi coordenadora de produção e desenvolvimento de programa da experimentadesign. Foi diretora de produção da Trienal de Arquitectura de Lisboa (2012) e da Est Art Fair (2014). Foi coordenadora executiva do doclisboa’13 (2013), do Projecto Sociedade (SNBA, 2013/2014), do European Creative Hubs Forum para (British Council, 2015), do programa Escolha—Arquitectura (OASRS) e da exposição Arquitetura em Concurso (CCB / Garagem Sul, 2016), da exposição Paradisaea (Lux-Frágil, 2018), das exposições Agricultura e Arquitetura (2019) e O Mar é a Nossa Terra (2020) na Garagem Sul do CCB. Em 2022 foi co-curadora, com Alexandre Farto e António Brito Guterres, da exposição Interferências – Culturas Urbanas Emergentes no maat. Desde 2007 é co-diretora da Associação Futuro, onde co-dirigiu e coordenou vários programas e candidaturas.
Elias e Yousef Anastas são parceiros da AAU ANASTAS arquitetos e cofundadores da Local Industries, da Radio AlHara e da The Wonder Cabinet. O estúdio centra-se no estabelecimento de ligações entre o artesanato e a arquitetura em escalas que variam desde o design de mobiliário até às explorações territoriais. O estúdio tem defendido o uso contemporâneo da pedra estrutural na arquitetura da Palestina e de outros locais e interessa-se particularmente pela política da utilização da pedra com vista a criar estruturas cuja pegada de carbono seja reduzida, cidades mais resilientes e uma exploração mais responsável das pedreiras. A Radio AlHara é uma rádio comunitária online que tece redes não convencionais de solidariedades através de experiências sonoras. A ligação de condições hipercontextuais a priori diferentes para criar um novo discurso crítico global reforçado tem estado é transversal a todas as suas práticas. Mais recentemente, lançaram o Wonder Cabinet, uma iniciativa para produções culturais com espaço físico em Belém que reúne uma comunidade de artesãos e artistas dos domínios técnico e artístico com o objetivo de produzir uma cultura de provincialismo global.
Francisco Díaz é arquiteto e mestre em Arquitetura pela UC, Chile; mestre pela CCCP, Universidade de Columbia, EUA; doutorando no Politécnico de Turim, Itália. É Professor Assistente na Escola de Arquitetura da UC, Chile. Foi editor-chefe da Ediciones ARQ entre 2015 e 2022, editando e publicando mais de 100 livros e 24 números da revista ARQ. O seu trabalho editorial foi premiado na Bienal Pan-Americana de Quito de 2016, e na Bienal Ibero-Americana de 2022, realizada na Cidade do México. Tem trabalhos publicados na Argentina, Canadá, Equador, Inglaterra, Itália, México, Países Baixos, Peru, Espanha, Estados Unidos e Uruguai. Foi curador de exposições no Palacio La Moneda e no Centro GAM, os dois maiores centros culturais do Chile. O seu livro de 2019, Patologias Contemporâneas: Ensaios de Arquitetura após a Crise de 2008, ganhou o prémio da Bienal Espanhola de Arquitetura e Urbanismo de 2021. O seu próximo livro, intitulado Solos, será publicado em março de 2023.
Françoise Vergès é uma escritora, curadora independente e ativista antirracista decolonial. Aprendeu com os pais anticolonialistas, comunistas e feministas e com o povo da Ilha da Reunião (o seu país) que a descolonização é um processo longo e que o antirracismo político é antipatriarcal, anticapitalista e anti-imperialista. O seu próximo livro, Programme de désordre absolu. Décoloniser le musée, será publicado em fevereiro de 2023.
Mark Wigley é Professor de Arquitetura e Reitor Emérito na Universidade de Columbia. É historiador, teórico e crítico que explora a interseção da arquitetura, arte, filosofia, cultura e tecnologia. Os seus livros incluem Konrad Wachsmann's Television: Post-Architectural Transmissions (Sternberg Press, 2020), Passing Through Architecture: The 10 Years of Gordon Matta-Clark (Power Station of Art: 2019); Cutting Matta-Clark: The Anarchitecture Investigation (Lars Müller, 2018); Are We Human? Notes on an Archaeology of Design (escrito com Beatriz Colomina; Lars Müller, 2016); Buckminster Fuller Inc.: Architecture in the Age of Radio (Lars Müller, 2015); Constant's New Babylon: The Hyper-Architecture of Desire (010 Publishers, 1998); White Walls, Designer Dresses: The Fashioning of Modern Architecture (MIT Press, 1995); e Derrida's Haunt: The Architecture of Deconstruction (MIT Press, 1993). Foi curador de exposições no Museum of Modern Art, no Drawing Center, Universidade de Columbia, Witte de With Center for Contemporary Art, Het Nieuwe Instituut e no Canadian Centre for Architecture. Mais recentemente, foi curador de Passing Through Architecture: The 10 Years of Gordon Matta-Clark na Power Station of Art, Xangai (2019-20).
Piny é intérprete, coreógrafa, investigadora e professora de práticas mistas. Acredita numa criação artística livre que seja empenhada a nível social e político. Lisboeta de herança angolana, Piny licenciou-se em Arquitetura e fez uma pós-graduação em Cenografia, ambas na Universidade de Arquitetura de Lisboa. Posteriormente, concluiu a licenciatura em Dança Contemporânea em Lisboa. Em 1999, começou a estudar danças do Médio Oriente e do Norte de África e as suas fusões contemporâneas, e desde 2006 que se dedica também à cultura Hip Hop e Clubbing, através da dança (Breakdance, House, Waacking, Vogue), Djing e graffiti. Em 2006, fundou a equipa ButterflieSoulFlow e, em 2012, o coletivo Orchidaceae, com o qual apresenta as suas criações e leciona em todo o mundo. Piny desenvolve o seu trabalho artístico como artista independente, colaborando com diferentes artistas e desenvolvendo o seu próprio trabalho, como o solo HIP. A pussy point of view, Sacred Geometry – a Meditative State e .G RITO.