O MONUMENTO NO CAMPO EXPANDIDO
Como cuidar de um arquivo que ainda não existe

Em Lisboa poderão os monumentos tornarem-se úteis no processo de descolonização da cidade e proporcionar encontros com histórias alternativas?
O workshop O Monumento no Campo Expandido – Como cuidar de um arquivo que ainda não existe é uma investigação colaborativa conduzida pelo artista Márcio Carvalho que pretende usar a arte para desenvolver metodologias e modos de participação pública, a fim de repensar o papel que o património e a comemoração pode e/ou deve desempenhar num tempo de pós-violência colonial. Para isso, o workshop escolhe Lisboa e o património de exaltação colonial espalhado pela cidade como caso de estudo.

Márcio Carvalho é um artista cujos projetos se desenvolvem à volta de tecnologias e práticas coletivas de memória e como elas influenciam o recordar individual e coletivo de eventos passados. Afrodescendente, oriundo de uma família composta por angolanos e portugueses, Carvalho partilha antepassados de duas geografias mundiais diferentes e com sistemas epistemológicos e de crenças distintos, e é a partir deles que complica as noções de memória autobiográfica e coletiva. O seu trabalho examina a vida pública e os arquivos, a memória autobiográfica e a memória coletiva, com foco em atos de recordar e suas influências biológicas, culturais e sociais. O artista usa a arte como modo de investigação e ferramenta para examinar memórias representativas que estão inseridas em diferentes ambientes urbanos e privados, especialmente aqueles que ainda comemoram o colonialismo e o imperialismo às custas da exploração e opressão de comunidades indígenas.