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L’HEURE ENTRE CHIEN ET LOUP
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21/05/2022 - 21/05/2022
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L’HEURE ENTRE CHIEN ET LOUP
Programa de filmes da Coleção de Antoine de Galbert
Seleção de Isabel Nogueira

“L’heure entre chien et loup” assinala o momento de todas as possibilidades, em que ainda não é de noite ou em que já não é de dia. É tudo uma questão de perspetiva. A luz é específica e envolvente. No âmbito da exposição Traverser la nuit, com curadoria de Noëlig Le Roux e inserida na Temporada Portugal–França 2022, selecionou-se um conjunto de obras em vídeo da coleção Antoine de Galbert. Trata-se de propostas que exploram estéticas, problemáticas e domínios diversos, tais como a política, a contemplação da paisagem, a metáfora ou a guerra. Durante cerca de uma hora convidamos a entrar neste universo, por vezes denso, outras vezes poético e leve. Precisamente como quando o dia dá lugar à noite.

Programa
17.00–17.30 Conversa com Nöelig de Roux, Isabel Nogueira e João Pinharanda
17.30–18.30 Projeção de filmes da Coleção Antoine de Galbert.

Steven Cohen
The Chandelier Project, 2002, 16 min 18 s

Artista, dançarino e intérprete, Steven Cohen (África do Sul, 1962) transformou o seu corpo numa obra de arte que submete a todo o tipo de provas. Através de atuações provocatórias, conta as suas experiências como homem branco, judeu e homossexual na África do Sul. The Chandelier Project é uma performance de 2002 num município de Joanesburgo que está a ser demolido, onde o artista deambula vestido com um candelabro e saltos altos.

Pilar Albarracín
Lunares, 2004, 1 min 31 s

Nas suas obras, a artista sevilhana Pilar Albarracín (Espanha, 1968) questiona os padrões de identidade cultural, desviando os códigos tradicionais da cultura andaluza tais como touradas, dança, canções, festas populares, etc. Em Lunares, a artista, com um vestido branco, dança e pica-se várias vezes, estabelecendo uma ligação entre o flamenco e a tourada. O vestido é adornado com bolinhas de cor vermelho-sangue, um padrão típico das roupas de flamenco.

Ramuntcho Matta
m comme médiocre, 2007, 31 min

Após ter iniciado a sua carreira na música no final dos anos 70, Ramuntcho Matta (França, 1960) utiliza as artes visuais para dar forma a questões e temas criativos mais singulares e complexos, utilizando diversos meios, tais como som, desenho e vídeo. m comme médiocre pertence à série ABCD’air, Artistes de A à Z. Nesta paródia de um vídeo musical, filma uma obra de Jeff Koons em Veneza.

Jean-Charles Hue
SS in Uruguay, 2001, 2 min 37 s

Jean-Charles Hue (França, 1968) é conhecido pelos seus numerosos vídeos (curtas e longas-metragens) em que filma os membros de uma família yeniche, os Dorkels, com os quais partilha momentos de vida. As suas obras são inspiradas pela sua história pessoal: o artista vem da comunidade cigana e o seu avô viveu a Shoah. Como mostra SS in Uruguay, a câmara é colocada do ponto de vista de alguém que estaria a observar a cena - no início, um casal. Pode-se assumir que o velho é um antigo nazi em fuga e que a mulher é a sua enfermeira. A câmara afasta-se então do casal e concentra-se na cabeça de uma galinha. Este plano é importante, uma vez que na cultura cigana este sinal promete a morte.

Adam Vackar
Slap, 2007, 1 min 50 s

No seu trabalho de vídeo, fotografia e instalação, Adam Vackar (República Checa, 1979) mistura constantemente diferentes linguagens e formas. Estas formas, que podem parecer absurdas ou mesmo paradoxais, derivam sempre de experiências enraizadas na realidade, pelo artista ou por outra pessoa. Slap mostra o rosto do artista, em grande plano, a ser esbofeteado. O efeito do golpe desencadeia uma nuvem de pó branco a voar, cobrindo o rosto.

Barthélémy Toguo
The Thirsty Gardener, 2005, 2 min 49 s

Inspirado pelas suas viagens e experiências, Barthélémy Toguo (Camarões, 1967) interessa-se pelos fluxos: fluxos de bens, mas também fluxos humanos e aqueles que os regulam. Muito ligado ao seu país natal, os Camarões, abriu a Bandjoun Station, um espaço de exposição e residência para apoiar a arte africana. Em The Thirsty Gardener, o espectador é convidado, através do gesto absurdo do artista, a repensar a economia e o seu sistema.

Pol Pierart
Autoportrait avec ma ville, 2005, 3 min 01 s
Le bonheur, le malheur, 2001, 10 min 6 s

Os jogos de palavras estão muito presentes no trabalho de Pol Pierart (Bélgica, 1955). É a relação imagem-texto que interessa ao artista, como numa das primeiras cenas de Autoportrait avec ma ville, onde numa placa pendurada por cima da cama se pode ler: “Ainda não estou morto”. O resto do vídeo é uma sequência de imagens de Liège.

Dans Le bonheur, le malheur, on peut voir un mélange de scènes de vie entrecoupées de plans où l’artiste, cagoulé, nous livre des messages sur des écriteaux.
Os vídeos de Pierart, aqui digitalizados, foram filmados em Super 8. O artista escolheu esta técnica não por nostalgia, mas devido ao aspeto conhecido, mesmo familiar, do formato, e à sua natureza comum e não prestigiada.

Geert Mul
Look at us, 2005, 5 min 10 s

Durante os últimos vinte anos, Geert Mul (Países Baixos, 1965) tem vindo a construir uma coleção de imagens e vídeos retirados de bases de dados, que depois reutiliza. As suas obras assumem a forma de vídeos interativos ou instalações que integram som e iluminação. Durante uma viagem a Joanesburgo, o artista deixou dez câmaras com crianças das ruas de Hillbrow, pedindo-lhes que filmassem o seu ambiente. Das catorze horas de filme recuperado, restam dois vídeos: Look at us e Dreamboy.

Tania Mouraud
La curée, 2004, 1 min 56 s

Sendo uma artista que se recusa a associar-se a qualquer movimento em particular, Tania Mouraud (França, 1942) tem vindo a desenvolver constantemente o seu trabalho desde o final dos anos de 1960. Explorando alternadamente todos os tipos de disciplinas – pintura, instalação, fotografia, performance, vídeo, som - trabalha constantemente em torno de um princípio: questionar as relações entre arte e ligações sociais. La Curée mostra cães, filmados em câmara lenta e em plano aproximado, a partilhar um pedaço de carne.

Lucien Pelen
Le villageois, 2010, 2'12"

Lucien Pelen (França, 1978) renova o género tradicional da paisagem. Fotografando ou filmando uma natureza selvagem e muitas vezes grandiosa, impede o espetador de se entregar à pura contemplação estética ao colocar nesse quadro intervenções/atuações performativas nas quais ele próprio é o sujeito. A natureza é apenas o suporte pictórico para ações que misturam o absurdo com o poético. Inverte, assim, o equilíbrio do poder e, em vez de mostrar o homem esmagado pela natureza, revela que uma silhueta minúscula é suficiente para perturbar o equilíbrio da imensidão.

Mircea Cantor
Vertical Attempt, 2009, 1 min 04 s

O trabalho de Mircea Cantor (Roménia, 1977) é permeado pela noção de artifício. Através de gestos simples e de uma grande economia de meios, procura mostrar a perturbação do mundo. Vertical Attempt é um vídeo de um segundo, reproduzido em loop, no qual uma criança, sentada em frente a um lava-louça, corta com uma tesoura o gotejar da água que escapa da torneira. A ação consiste apenas neste corte impossível, um clique que pode ser semelhante ao fim ou início de um filme, confundindo, no circuito de repetição, todas as noções de início ou fim.

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