CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE ARTE E SAÚDE
Painel 1: Artes, Neurociência e Estratégias de Pensamento
Processos cognitivos, emoções e o museu amigo do cérebro
Annalisa Banzi (Itália), CESPEB – Universidade de Milano-Bicocca
O conhecimento acerca dos processos cognitivos (perceção, memória, aprendizagem, etc.) e das emoções é fundamental no design de exposições temporárias, atividades educativas, legendas em museus, etc. A aplicação das constantes descobertas proporcionadas pela psicologia e pela neurociência em contexto de museu pode ajudar a oferecer experiências mais significativas aos visitantes.
Mesmo a própria definição de museu deve incluir uma atenção às necessidades do nosso cérebro. Por esta razão, tem vindo a ser desenvolvido o conceito de museu amigo do cérebro (brain-friendly museum - BFM). Em que é que consiste? É uma instituição baseada no respeito pelos processos cognitivos e emoções dos seres humanos e na proteção, preservação, divulgação e valorização do nosso património tangível e intangível para efeitos de educação, estudo e prazer. A abordagem BFM requer a colaboração sistemática entre diferentes áreas e a recolha de evidências científicas acerca da influência dos processos cognitivos e das emoções sempre que são acionados em ambiente museu.
Terapia através da Arte, Neurociência e Trauma: Descobertas Pioneiras nos Cuidados de Saúde
Juliet L King (EUA), Universidade George Washington
Nos últimos anos tem-se dado cada vez mais atenção à forma como a neurociência tem contribuído para a cultura, as artes e a saúde, gerando entusiasmo junto de decisores políticos, agências de financiamento e grupos de defesa. A arteterapia é uma profissão médica e de saúde que tem um âmbito de ação protegido por lei, competências educacionais, código de ética e é apoiada por investigações baseadas em evidências. Os avanços no conhecimento acerca das funções do cérebro, corpo e sistema nervoso estendem-se à arteterapia e sustentam a teoria, as estratégias práticas e os métodos de investigação. O trauma é um fenómeno coletivo, e uma compreensão contemporânea da neurobiologia permite o uso de evidências e princípios para sublinhar e destacar as melhores abordagens ao tratamento. Esta apresentação irá analisar o papel único da arteterapia na abordagem às sequelas decorrentes de um trauma entre a população e irá demonstrar como as parcerias entre arteterapeutas e neurocientistas criativos são uma fonte poderosa que leva à inovação e ao avanço científico nestes tempos conturbados.
Moderação de: Alexandre Castro Caldas (Portugal), Conselho Nacional para as Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa
Juliet L. King
Juliet L. King, arteterapeuta, psicóloga e psicóloga especializada em saúde mental, é Professora Associada de Arteterapia na Universidade George Washington e Professora Associada Adjunta de Neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Indiana. Juliet desenvolveu e implementou o programa de pós-graduação em arteterapia na Herron School of Art & Design-IUPUI, curso que levou mais de 30 estudantes de pós-graduação a estagiarem na comunidade de Indianápolis e por todo o estado. Também desenvolveu e supervisiona o programa de Arteterapia em Neurociências e Medicina no Centro de Neurociências da Universidade de Indianápolis. A investigação da professora King concentra-se na integração da arteterapia e da neurociência, particularmente nas áreas da neuroestética e da neuroimagiologia contemporânea. Está atualmente a fazer um doutoramento em Ciências Translacionais da Saúde e a sua dissertação consiste no desenvolvimento de um kit de ferramentas de arteterapia baseado na neurociência para o tratamento de traumas. Em 2016, Juliet escreveu e editou o livro Art Therapy, Neuroscience and Trauma: Theoretical and Practical Perspectives [Arteterapia, Neurociência e Trauma: Perspetivas Teóricas e Práticas], e está atualmente a trabalhar na segunda edição, que está previsto ser publicada no início de 2024.
Analisa Banzi
Investigadora do CESPEB-Universidade de Milão-Bicocca. Fundadora e coordenadora do projeto ASBA. Doutorada em psicologia aplicada aos estudos museológicos, é historiadora de arte e investigadora no CESPEB-Universidade de Milão-Bicocca (Milão, Itália). É também professora na Academia de Belas Artes de Macerata: Psicologia da Perceção, Psicologia do Consumo Cultural, Sociologia Cultural e Semiologia do Corpo. Tem uma especialização interdisciplinar em estudos de museus, psicologia e neurociência que tem como objetivo melhorar a divulgação dos conteúdos dos museus e desenvolver o bem-estar mental e a satisfação dos visitantes.
Alexandre Castro Caldas
Alexandre Castro Caldas, atual Diretor do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, foi até Fevereiro de 2004 Professor Catedrático de Neurologia na Faculdade de Medicina de Lisboa e Diretor do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria em Lisboa.
As suas publicações incluem dois livros de texto para os estudantes, A Herança de Franz Joseph Gall e Viagem ao Cérebro e a algumas das suas Competências, e mais de 100 artigos em revistas internacionais, tais como: Brain, Neurology, NeuroImage, Journal of Cognitive Neurosciences, JINS, e inúmeros capítulos em livros nacionais e internacionais. O seu principal interesse científico relaciona-se com as Neurociências Cognitivas e com as doenças do Movimento.
Conferência: A Arte na Formação Médica
A melhoria do comportamento humano em professores de medicina através da interdisciplinaridade em ciências.
Isis Betancourt Torres (Cuba), Universidade de Ciências Médicas de Havana (UCMH)
As soluções para os problemas atuais da sociedade levam à articulação de disciplinas, especialidades e várias áreas do vasto conhecimento existente, que neste estudo se concentra num tema relacionado com o campo da saúde, através da avaliação da interdisciplinaridade da história, da arte e da medicina para a melhoria do comportamento humano em professores de medicina interna e pediatria numa escola da Universidade Médica de Havana. Os principais problemas, potencialidades e modificações foram identificados após a realização de palestras, troca de experiências, conferências, debates e outras alternativas da Teoria de Educação Avançada. Os benefícios das disciplinas de história, literatura, pintura, escultura, música, arquitetura, medicina interna e pediatria foram reforçados no nexo história-arte-medicina. Ficou evidente a influência destes na motivação, integralidade, docência e desempenho profissional e uma transformação que contribuiu para a melhoria do comportamento humano destes profissionais de saúde cubanos.
Moderação de: Ana Sofia Torres Baptista (Portugal), Faculdade de Medicina, Universidade do Porto (FMUP)
Isis Betancourt Torres
Especialista em Medicina Interna. Professora Assistente de Medicina Interna na Universidade de Ciências Médicas de Havana UCM H. Mestre em Aterosclerose. Directora fundadora do Grupo Nacional de Investigação e Projeto em História, Arte e Medicina HistArtMed. Secretário da Sociedade Cubana de Medicina Interna SOCUMI. Membro da comissão consultiva e técnica nacional para a prevenção da hipertensão arterial. Membro do Fórum Ibero-Americano de Educação Médica FIAEM. Especialista e locutor das secções semanais HistArtMed na revista Hola Habana do Canal Habana e na revista De Mañana da estação cubana Radio Taino. Presidente do Comité Organizador do Congresso Internacional HistArtMed. Autor de vários livros e publicações em revistas especializadas. Membro efetivo da Sociedade Cubana de Medicina Interna SOCUMI. Membro correspondente estrangeiro da Sociedade Uruguaia de Medicina Interna. Membro efetivo da SOLAMI, ISIM, FIMI, AMICAC, FIAEM, SOLAT e da Sociedade de Educadores de Saúde de Cuba.
Ana Baptista Torres
Ana Baptista Torres é médica de família no Porto e também investigadora no CINTESIS e professora convidada na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Com um interesse especial pela comunicação, pela literacia em saúde e pela tomada de decisões aliado a uma grande paixão pelas artes, Sofia desenvolveu um curso pioneiro para profissionais de saúde na Universidade do Porto: “Observar: da arte à clínica”. Depois de ser correspondente médica da CNN Portugal durante mais de um ano, apresenta atualmente um podcast de saúde na rádio: "M80 Mala Médica".
Painel 2: O Papel e a Experiência dos Museus no Processo de Bem-Estar
Museus e Psicoterapia da Arte – Avaliar o exemplo do Museu Nacional de Arte Contemporânea de Atenas | ΕΜΣΤ
Elisabeth Ioannides (Grécia), Museu Nacional de Arte Contemporânea Atenas (ΕΜΣΤ)
Ao longo dos últimos vinte anos, tem havido um grande aumento na investigação relacionada com os efeitos das artes na saúde e no bem-estar, juntamente com desenvolvimentos nas atividades práticas e políticas em diferentes países. A área do património cultural, e em particular o sector dos museus, está entre as muitas organizações que oferecem uma plataforma para a expressão através das artes e podem ser eficazes na melhoria do bem-estar físico, psicológico, social e mental das pessoas. Nesta apresentação, iremos concentrar-nos numa das formas através da qual as artes e os museus podem produzir mudanças pessoais e crescimento emocional e mental. Iremos explicar o que é a arteterapia e como e porque pode ser posta em prática em museus. Em seguida, iremos olhar para o exemplo do programa de arteterapia “Explorar as Imagens do Museu - Explorar a Minha Imagem” que está a ser implementado no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Atenas | EMΣΤ, a única instituição pública na Grécia que apoia de forma permanente a prática da arteterapia.
O Art Hive do Museu de Belas Artes de Montreal: Arteterapia, 3º espaço e saúde criativa
Stephen Legari (Canadá) | Museu Nacional de Belas-Artes de Montreal
Há mais de 20 anos que o Museu de Belas Artes de Montreal tem vindo a inovar numa programação especializada que aborda o bem-estar dos seus visitantes. As inúmeras parcerias clínicas e comunitárias têm dado ocasião a um aumento na investigação, no desenvolvimento de programas e em alterações institucionais. Como parte do seu programa integrado de arteterapia, o MMFA possui um estúdio aberto à comunidade chamado Art Hive [Colmeia Artística] que acolhe milhares de participantes que se envolvem na criação de arte sem supervisão e no desenvolvimento da própria comunidade dentro das paredes do museu todos os anos. Esta apresentação irá divulgar de forma breve o trabalho terapêutico mais alargado do MMFA, que inclui grupos de arteterapia, prescrição social, formação de arteterapeutas e investigação, conciliando a Colmeia Artística com a missão e o plano estratégico do museu. Serão discutidas a teoria e a prática de um estúdio de arte comunitário sedeado num museu, assim como a influência bidirecional desta programação economicamente viável.
Moderação de: Joana Simões Henriques (Portugal), MAAT
Elisabeth Ioannides
Elisabeth Ioannides é curadora na área da educação e arteterapeuta no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Atenas | ΕΜΣΤ.
É membro do ICOM, da AICA, das Associações de Arteterapeutas do Reino Unido, EUA, Canadá e Grécia, da European Association for Psychotherapy (EAP) e da European Federation of Art Therapy (EFAT) (membro da Comissão de Investigação e coordenadora do Grupo de Interesse Especial para a "Arteterapia em Museus"). Foi Vice-Presidente da Direção da Association of Greek Expressive Therapists & Jungian Coaching (2020-2022).
No ΕΜΣΤ, junto com A. Pantagoutsou, tem vindo desde 2017 a coordenar o grupo de arteterapia "Explorar as Imagens do Museu - Explorar a Minha Imagem".
Tem feito parte de Conselhos Consultivos do Ministério da Cultura e do Desporto que avaliam as propostas de subvenções e/ou patrocínios, eventos e programas que promovam o acesso à cultura a pessoas com deficiência. Em 2021 e 2023, foi nomeada para os Prémios Internacionais da Mulher Grega na área da Arte e Cultura. Tem uma vasta experiência de ensino e orientação. O seu trabalho de investigação centra-se especialmente na aprendizagem em museus, psicoterapia da arte, saúde e bem-estar, inclusão e nas várias formas como a cultura pode contribuir para a eficiência dos sistemas de educação e saúde. Os seus artigos encontram-se em academia.edu.
Stephen Legari
Stephen Legari tem um mestrado em terapias de artes criativas pela Universidade de Concordia e um mestrado em terapia de casal e família pela Universidade McGill, onde se formou em Terapia de Casal para Traumas Complexos. Trabalhou extensivamente com indivíduos, grupos, casais e famílias em contextos clínicos e não clínicos. Desde 2017, Stephen é responsável pelo programa de terapia artística no Museu de Belas Artes de Montreal, onde desenvolveu programas de terapia especializados para grupos, supervisionou alunos de mestrado e contribuiu para inúmeras publicações sobre as artes na saúde.
Joana Simões Henriques
Licenciada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica Portuguesa, especializando-se em Comunicação Cultural pela LUMSA – Libera Università Maria Ss. Assunta, Roma, Itália – e Mestre em Gestão Cultural pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Colaborou com o departamento de curadoria e gestão da coleção e com o departamento de educação artística do CAM – Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; com a direção da Galeria Paulo Amaro Contemporary Art; e, desde 2010, colabora com a Fundação EDP nas áreas de curadoria e programação educativa em museus, centrando-se, a partir de 2016, na programação educativa e programas públicos do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), Lisboa. Publicou também vários textos sobre arte contemporânea e programação cultural. É membro do cluster Arte, Museus and Culturas Digitais do IHA / FCSH, Universidade Nova de Lisboa. Interessa-se pela investigação na área de museus, arte e arquitetura contemporâneas, mediação cultural e na cultura como ferramenta para o desenvolvimento social e humano, temas sobre os quais tem programado vários projetos e conferências.
Palestra principal: A Ciência da Beleza
Semir Zeki (Reino Unido), University College London
A experiência da beleza, seja derivada de fontes sensoriais como a arte visual ou a música, de fontes morais ou de fontes altamente cognitivas como a matemática, correlaciona-se com a atividade na mesma parte do cérebro emocional, localizada no lobo frontal, que é também o local que está ativo durante a experiência de prazer e recompensa. Além disso, a intensidade da atividade nesse local é proporcional à intensidade da beleza experimentada. Estas descobertas levantam questões importantes, não apenas sobre o papel e os usos da beleza no nosso dia-a-dia, mas, como Platão e o físico Paul Dirac previram com precisão, também nos nossos esforços para entender a estrutura do Universo, através da beleza experimentada de formulações matemáticas que mapeiam a sua estrutura.
Moderador: Luís Duarte Madeira (Portugal), Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental
Semir Zeki
Semir Zeki detém a cátedra de Neuroestética no University College de Londres, tendo anteriormente ocupado a cátedra de Neurobiologia na mesma instituição. Especializou-se no estudo da organização do cérebro visual e, mais recentemente, expandiu o seu trabalho ao estudo dos mecanismos neurais que estão envolvidos durante experiências estéticas e relacionadas, como as da beleza, desejo e amor. É Membro da Royal Society, da Academy of Medical Sciences e da American Philosophical Society. Escreveu três livros e deu inúmeras palestras em universidades e galerias de arte em todo o mundo. Também tem conduzido debates públicos sobre a arte e o cérebro com artistas ilustres, incluindo Balthus (em França), Michelangelo Pistoletto (Itália) e Tatsuo Miyajima (Japão), entre outros.
Luís Duarte Madeira
Luís Madeira desenvolve a sua carreira em quatro vertentes síncronas. Médico Psiquiatra, licenciado em Medicina pela Universidade de Lisboa em 2008, é atualmente coordenador do Departamento de Psiquiatria no Hospital CUF Descobertas e Presidente-Eleito da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. É titular de grau de mestrado em Filosofia pela Universidade de Central Lancashire e de doutoramento na área da Medicina - Filosofia da Psiquiatria. É Professor Auxiliar de Ética e Deontologia médica e de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. É ainda, Psicoterapeuta pela Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Centrada no Cliente e Abordagem Centrada na Pessoa. Apresentou mais de uma centena de comunicações nacionais e internacionais e tem em seu nome 40 publicações.
Painel 3: Ambiente de Cura no Hospital
O Terceiro Cuidador – A Conceção Hospitalar Centrada no Ser Humano e o Seu Papel na Cultura Contemporânea
Ab Rogers (Reino Unido), Ab Rogers Design
Esta palestra propõe a ideia do design como um 'terceiro cuidador', na qual a arquitetura de um hospital vai ao encontro dos seus utilizadores, apoiando ativamente a equipa médica de um paciente (primeiros cuidadores) e os familiares e amigos (segundos cuidadores), promovendo as interações e antecipando as necessidades dos seus ocupantes. Iremos explorar o seu potencial de modo a criar espaços clínicos inclusivos que sejam adaptáveis, sensorialmente envolventes, domésticos em dimensão, cor e tactilidade, bem iluminados, acusticamente controlados e permeáveis ao mundo natural. Iremos demonstrar a nossa visão para o hospital do futuro, uma abordagem apresentada pela primeira vez na nossa candidatura premiada ao Prémio Wolfson Economics de 2021 e desenvolvida através do trabalho da DRU+, um coletivo de investigação em design dedicado a soluções inovadoras em saúde. Iremos examinar o seu impacto social, económico e político nas suas vizinhanças internas e externas para melhor compreender a sua ecologia única e permitir que sirva melhor os seus cidadãos.
A experiência da Universidade de Manchester: Lime Arts
Dawn Prescott (Reino Unido), Fundação Manchester NHS
O Manchester University NHS Foundation Trust (MFT) é um dos maiores gestores hospitalares do Reino Unido e emprega mais de 28 000 funcionários, prestando cuidados a aproximadamente 750 000 pessoas por ano.
A Lime, fundada em 1973, é a organização responsável pelo programa multipremiado de Artes e Saúde do MFT que possui um portefólio de projetos que se estende por 50 anos, com a sua equipa hospitalar de Artes e Saúde a ser a mais antiga e em constante atividade do Reino Unido. Reconhecida globalmente pela sua excelência, a Lime possibilita todos os anos a mais de 20 000 funcionários, pacientes e cuidadores um acesso direto às artes em toda a sua diversidade.
Moderação de: Luís Campos (Portugal) Médico e Artista, Conselho Português para Saúde, Ambiente (CPSA), Federação Europeia de Medicina Interna
Ab Rogers
Ab Rogers é designer e fundador da Ab Rogers Design (ARD), um estúdio de design e arquitetura fundado em 2004 que atualmente codirige com o arquiteto Ernesto Bartolini. Com um foco específico em espaços de assistência, na sustentabilidade e no design de dentro para fora, o estúdio trabalha internacionalmente nos sectores da saúde, cultura, hotelaria e habitação, criando ambientes envolventes que trazem narrativa e finalidade ao quotidiano, através de cores sensuais, materialidade tátil e pormenores rigorosos. Em 2021, o estúdio venceu o Prémio Wolfson Economics pelo seu design para o hospital do futuro.
Dawn Prescott
Dawn Prescott tem uma experiência profissional de 20 anos a trabalhar em artes e saúde. Atualmente, é Diretora do Programa de Artes da Lime, com sede no Manchester NHS Foundation Trust (MFT), responsável pela gestão dos hospitais da região. A celebrar o seu 50.º aniversário, a Lime é uma organização para as artes e saúde premiada e reconhecida internacionalmente. Dawn é responsável pela implementação e manutenção de um programa de arte e música multifacetado que abrange todo o MFT e que oferece experiências criativas de alta qualidade a mais de 20 000 pacientes, funcionários e visitantes do serviço nacional de saúde britânico todos os anos. Em 2021, Dawn assegurou o financiamento necessário para abrir o Lime Arts and Wellbeing Centre, o primeiro estúdio de artes dedicado e totalmente equipado em ambiente hospitalar no Reino Unido, um acontecimento marcante para a cultura e o bem-estar em cuidados de saúde no MFT. Dawn é coautora e editora de uma série de relatórios, publicações e artigos sobre artes e saúde. É também uma artista visual ativa e já expôs os seus trabalhos no Reino Unido e na Europa.
Luís Campos
President of the Portuguese Council for Health and Environment, advisor of the General Directorate of Health, chairman of the Quality of Care and Professional Issues Working Group of the European Federation of Internal Medicine (EFIM), and coordinator of Internal Medicine at CUF Belem Clinic.
At the same time, Luís Campos has been developing artistic activity since 1981. He has held 23 individual exhibitions and participated in 52 collective exhibitions in Portugal and abroad. He is represented in the collections of the PLMJ Foundation, António Cachola, Museo Extremeño e IberoAmericano de Arte Contemporaneo (MEIAC) in Badajoz, Museu da Imagem in Braga, Museum of Art, Architecture and Technology (MAAT) and the Gulbenkian Foundation, among others. In 2002, he received the Medal of the Conseil Général des Hauts-de-Seine at the Salon d`Art Contemporain de Montrouge. Luís Campos was the one who stimulated the transformation of Hospital de São Francisco Xavier into Hospital das Artes, in 2014.
Painel 4: O Papel das Artes na Melhoria da Saúde
Construir o Movimento e a Música na Prática Museológica
Filipa Pereira-Stubbs (Reino Unido), artista e professora
Desde a infância que tenho um grande amor por museus & galerias. Independentemente da forma e do tamanho, eles oferecem oportunidades de fascinação & imaginação aumentada, no sentido de algo vital na vida que também proporciona um enorme prazer. São lugares onde nos aproximamos da criatividade & curiosidade, inspiração e beleza. Enquanto artista de dança, uma das principais características do meu trabalho passa por levar o movimento e a música a espaços museológicos, através de workshops e programas inclusivos e integrados, oferecendo às pessoas de todas as classes sociais formas de se sentirem conectadas, de se sentirem bem e de se sentirem parte de uma corrente de atividades culturais humanas.
Como é que reunimos pessoas comuns e movimentos do dia-a-dia para criar espaços seguros e protegidos onde possamos explorar de forma significativa o mundo da arte? No Museu Fitzwilliam, temos entrelaçado uma prática de olhar corporizado e lento no trabalho de educação do museu para convidar os participantes a encontrar e apreciar a arte de forma diferente, experienciando o bem-estar, a alegria e a ligação.
A Audição de Música Familiar como uma Experiência Terapêutica
Carina Freitas (Portugal), Pedopsiquiatra, Universidade da Madeira
Música familiar é definida como música conhecida ou música à qual já fomos anteriormente expostos. Primeiramente, irei mostrar imagens do processamento da audição de música familiar, nomeadamente as áreas cerebrais mais ativas (áreas associadas ao processamento da memória e área pré-motora) e compará-las com as áreas cerebrais ativadas por músicas desconhecidas. Posteriormente, irei especificar as aplicações terapêuticas (convencionais e digitais) da audição de música familiar nas doenças psiquiátricas, neurológicas e do neurodesenvolvimento. Finalizarei abordando a relevância do uso da música como ferramenta de humanização do espaço hospitalar.
Moderação de: Luiza Teixeira de Freitas (Portugal), Operação Nariz Vermelho
Filipa Pereira-Stubbs
Filipa Pereira-Stubbs é uma artista de dança, professora de dança e profissional criativa de Cambridgeshire com trinta anos de experiência em dança & saúde e em artes comunitárias. Filipa desenvolve e apresenta programas de dança & saúde junto das comunidades, em ambientes clínicos, em museus e galerias, e ao ar livre na Natureza. Os seus principais projetos incluem o programa Dance for Health, nos Hospitais da Universidade de Cambridge, e o programa Dance at the Museum no Fitzwilliam Museum da Universidade de Cambridge. É antigo membro fundador do coletivo artístico Cambridge Curiosity and Imagination (CCI).
O seu trabalho baseia-se em práticas somáticas e na prática da improvisação & imaginação, e ela é determinantemente dedicada a colmatar o fosso entre diferenças culturais, etárias e de saúde através de projetos que desenvolvem e preservam a inclusão e a integração através das artes. O seu trabalho no campo da medicina cria pontes entre perspetivas subjetivas e fenomenológicas do corpo e abordagens normativas à medicina e à saúde. Nos seus diferentes projetos, ela permite que os participantes construam relações generosas e saudáveis consigo mesmos, com as suas comunidades e com a natureza.
Possui um bacharelato em Sociologia e um mestrado em Terapia pela Dança/Movimento. Foi bolsista Churchill em 2014.
Carina Freitas
Carina Freitas é médica pedopsiquiatra e exerce no Hospital Particular da Madeira.
Doutorada em Neurociências pela Universidade de Toronto, Canadá, é Professora Auxiliar Convidada no Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira e uma das coordenadoras da Pós-Graduação em Neurociências da Música no Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Católica Portuguesa, formação que ajudou a criar em 2020.
Paralelamente à medicina desenvolveu o seu gosto e competências musicais no Conservatório de Música da Madeira, e lançou o seu álbum de originais “Alquimia”, em 2006. É também musicoterapeuta e foi colaboradora do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira SESARAM (até 2022), para as “Artes na Saúde”.
Luiza Teixeira de Freitas
Luiza Teixeira de Freitas é curadora de arte independente. Entre os vários projetos em que está envolvida destaca-se o trabalho de curadoria e consultoria com coleções privadas, bem como o trabalho ativo com publicações independentes e livros de artista, tendo lançado a sua própria editora, Taffimai, em 2018. Embora com base em Portugal, trabalha frequentemente com projetos em São Paulo, Nova Iorque, Londres, Los Angeles e no Médio Oriente, entre outros. É consultora de estratégia da Delfina Foundation, em Londres, e faz parte do Conselho da Bidoun.
Na área da saúde, Luiza é desde janeiro de 2020, presidente da Operação Nariz Vermelho, uma associação sem fins lucrativos que tem a missão de levar alegria às crianças e hospitalizadas, aos seus familiares e acompanhantes e aos profissionais dos hospitais, completou em 2022 a pós-graduação em Cuidados Paliativos Pediátricos, área que vem desenvolvendo e seguindo de perto. Faz parte do grupo de comunicação da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos e dá consultoria em variados projetos que envolvem arte e saúde.
Painel 5: Arte e Doenças Mentais
Arteterapia, Processos Clínicos no sector da Arte
Elsa Scanio* (Argentina), Hospital Morón Buenos Aires
Idioma: Espanhol/ Inglês
Modalidade terapêutica cujo itinerário contempla a transição de linguagens artísticas combinadas reunidas. Reflexões sobre a função da arte nos processos clínicos individuais e grupais. Uma visão sobre intérpretes e interpretações que nos convida a considerar o valor da psicologia da representação na arteterapia. Função do ar-terapeuta numa clínica que resgata o processo pelo produto, o desenho desenhado pelo desenho, a escrita expressa pela escrita, a arte artística pela arte. Experiências arteterapêuticas com pacientes de um hospital público de Buenos Aires, na Argentina.
Segurança, Criatividade e Saúde Mental
Rachel Massey (Reino Unido), Culture, Health & Wellbeing Alliance
Como podemos cocriar espaços seguros com pessoas com problemas de saúde mental? Rachel irá avaliar o papel de participantes, comissários, financiadores, gestores de projeto, profissionais criativos e trabalhadores auxiliares para garantir que os projetos não causam danos, garantem a segurança e gerem os riscos. Irá apresentar o novo Quadro de Qualidade para a Saúde Criativa da Culture Health and Wellbeing Alliance, que aborda oito princípios-chave para se criar um bom projeto de saúde criativa, incluindo o princípio da Segurança. Irá dar destaque a alguns das questões que estão a ser levantadas pelos membros da CHWA em todo o Reino Unido e apresentar exemplos de projetos que levam em conta a segurança das pessoas e do planeta.
Moderação de: Maria Luísa Figueira (Portugal), Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa
Elsa Scanio
Psicóloga clínica desde 1980 no Hospital Municipal de Morón, em Buenos Aires, Argentina. Nesta instituição, foi Coordenadora da equipa de Psicopedagogia Clínica do Serviço de Saúde Mental. Foi igualmente criadora e, desde 1994, Diretora da Equipa de Arte e Clínica. É Diretora Clínica e Docente do Internato de Arteterapia no mesmo Hospital. É coordenadora do dispositivo clínico de Arteterapia para o Programa SUMS Portas Abertas de Desinstitucionalização de Morón com pacientes não hospitalizados. Foi membro da Direção do Centro de Aprendizagem e Investigação em Psicopedagogia Clínica da Área de Prevenção do Hospital Posadas entre 1984 e 1990. Em 1995-1996, foi convidada, na qualidade de arteterapeuta, pelo Centro de Arteterapia do Hospital de Dia do Ospedale della Azzienda Sanitaria, em Florença, Itália. Foi também convidada pelo ATTEP CEFFAT de Paris em 1996. É professora visitante regular do Mestrado Integrado em Arteterapia da Universidade de Girona, em Espanha (2016-2023). É diretora do Projeto ZAC “Zona de Arte e Clínica”, um espaço dedicado à assistência, exploração e acompanhamento de processos clínicos de Arteterapia para grupos. É membro do corpo clínico da “Oficina dos sentidos” (espaço itinerante).
Rachel Massey
Rachel tem mais de 25 anos de experiência de trabalho em Saúde Criativa enquanto artista, coordenadora de projetos e consultora. Trabalha para a CHWA como Diretora Regional do Norte e dirige a Other Ways to Walk, que fundou em 2016 para ajudar as pessoas a terem contacto com a natureza usando abordagens criativas & conscientes. Estas incluem apoiar pessoas referenciadas pelos serviços de saúde e assistência social através do programa de adesão online Nature Fix e dos Cursos de Green Wellbeing.
Enquanto Coordenadora para a Arte e o Bem-Estar no Yorkshire Sculpture Park, liderou um programa quadrienal em parceria com o NHS, em que coproduziu atividades criativas com pessoas que vivem com problemas de saúde mental. Depois disto, coordenou um programa de saúde criativa que abrangeu todo o condado para a Arts Derbyshire. Trabalhou também durante seis meses no sector da saúde como gestora do Live Well Wakefield, um programa de prescrição social em larga escala.
Rachel é Instrutora de Atenção Plena qualificada, Socorrista de Saúde Mental, Líder do programa Caminhar pela Saúde e Guia de Banhos de Floresta.
Maria Luísa Figueira
Professora Catedrática Jubilada de Psiquiatria e Saúde Mental. Fez o doutoramento na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa com uma tese intitulada “Relações interpessoais na esquizofrenia. Um estudo experimental”. Foi diretora do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria) desde 2003 até à sua Jubilação em Janeiro de 2014. Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria no triénio 2013-1015. Presidente do Colégio de Especialidade de Psiquiatria durante 6 anos. Foi convidada como conferencista em numerosos congressos nacionais e internacionais. Publicou mais de 200 artigos em revistas Nacionais e Internacionais. Em 2010 recebeu em Budapeste o prémio de carreira – “European Bipolar Forum Achievement Award”.
Um dos seus interesses é a relação entre a criatividade musical e as perturbações afetivas, especialmente bipolares. Vários tópicos de investigação incluem o trabalho de Schumann, Rossini e Puccini. Nos últimos anos tem ainda trabalhado na área de Fenomenologia e Epistemologia da Psiquiatria na sua interface com as neurociências.
Palestra principal: Os Benefícios do Envolvimento Artístico e Cultural para a Saúde da População
Daisy Fancourt* (Reino Unido), Organização Mundial de Saúde, Collaborating Centre for Arts & Health, University College London
Esta palestra irá apresentar conclusões provenientes da análise de estudos de coorte internacionais, mostrando o impacto a longo prazo na saúde pública resultante do contacto com as artes e a cultura em todo o mundo. Serão discutidos os mecanismos subjacentes a estes efeitos, assim como os desafios na salvaguarda da igualdade de acesso, e será avaliada a forma como podemos desenvolver políticas artísticas e culturais de modo a maximizar os benefícios para a saúde e o bem-estar a nível global.
Moderação de: Catarina Alvarez (Portugal), Associação Alzheimer Portugal
Daisy Fancourt
A Dra. Daisy Fancourt é Professora de Psicobiologia e Epidemiologia no University College de Londres e Diretora do Social Biobehavioural Research Group. A sua investigação centra-se nos efeitos dos fatores sociais na saúde, incluindo a solidão, isolamento social, ativos sociais e comunitários, envolvimento artístico e cultural e prescrição social. É diretora do Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para as Artes e Saúde, Consultora Técnica da OMS, Consultora Científica Especializada do governo do Reino Unido, New Generation Thinker da BBC e Global Shaper do Fórum Económico Mundial.
Catarina Alvarez
Licenciou-se em Psicologia em 2009 e concluiu o mestrado em Neuropsicologia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em 2011. É membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses, com especialidade em Psicologia Clínica e da Saúde e especialidade avançada em Psicogerontologia. Está atualmente em formação na Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial.
É ainda licenciada em Direito pela Universidade Católica Portuguesa desde 1996. Antes de se dedicar à Psicologia, desenvolveu a sua atividade profissional na área jurídica e no sector empresarial, no âmbito de coordenação de projetos. Desde Outubro de 2012 que trabalha na Alzheimer Portugal. Atualmente, é responsável pelas Relações Institucionais da associação, desenvolvendo atividades relacionadas com a criação de parcerias e trabalho de public advocacy.
Tem vários anos de experiência como formadora nas áreas do Envelhecimento, Demências, Cuidadores Informais e temas conexos e participado, como palestrante, em numerosos projetos e eventos técnico-científicos nestas áreas. Nos últimos dez anos, prestou serviços de Psicologia numa Estrutura Residencial para Pessoas Idosas em Lisboa. Atualmente, exerce a sua atividade clínica em consultório privado.