10 exposições para ver no MAAT em 2025
Em 2025, o MAAT apresentará 10 exposições nos vários espaços expositivos dos edifícios MAAT Central e MAAT Gallery.
O programa confirma as linhas de identidade do museu e acentua a sua vertente de internacionalização, enquanto mantém uma atenção permanente sobre a produção de artistas nacionais, quer com carreira consolidada, quer em processo de afirmação das suas obras ou, finalmente, num momento de experimentação e revelação.
A programação de 2025 também reforça o MAAT como instituição que promove encontros, diálogos e declinações profícuas na relação da prática artística com as realidades complexas do nosso tempo, e enquanto lugar de articulações entre diferentes geografias e domínios do espectro cultural, do popular ao erudito, das matérias quotidianas aos desafios fundamentais da crítica e do pensamento atuais.
Em 2025 realizam-se no MAAT as primeiras exposições individuais em Portugal dos consagrados Jeff Wall – que ocupará todo o MAAT Gallery –, Miriam Cahn e Cerith Wyn Evans.
Será também a primeira vez que a artista luso-francesa Isabelle Ferreira mostra o seu trabalho em Portugal e a primeira exposição retrospetiva institucional de Rui Moreira. Outros destaques são a exposição antológica da obra de Pedro Casqueiro, uma exposição em parceria com a Trienal de Arquitetura 2025 e ainda mostras de Margarida Correia e Ana Léon.
De realçar ainda para a coletiva com obras dos seis artistas finalistas do Prémio Novos Artistas Fundação EDP 2024, no mesmo ano em que será atribuído o Grande Fundação EDP Arte.
Paralelamente à atividade expositiva, o museu continuará a desenvolver uma programação de performance, reflexão e debate, entre outras vertentes, que pretende abranger e reforçar a diversidade de públicos que visitam o museu.
Rui Moreira
Curadoria: João Pinharanda
Fevereiro 2025
Rui Moreira apresenta a sua maior exposição museológica e a primeira retrospetiva, com mais de 100 desenhos e pinturas de médio e muito grande formato. É um dos mais significativos artistas portugueses dos revelados na primeira década deste século (com obras em todos os museus nacionais de arte moderna e contemporânea) e um dos que tem curriculum internacional mais consolidado (com galeria em Franca, e em coleções particulares ou institucionais no Luxemburgo, Bélgica, Itália).
O seu trabalho (desenho, fotografia e escultura) parte de um labor obsessivo com as formas e os materiais, recriando mitologias nacionais (celtas e medievais) e internacionais (norte-africanas, eslavas ou japonesas), mobilizando literatura, música, performance, e situando-nos em fortes domínios de espiritualidade, magia e transe.
Rui Moreira (Porto, 1971), estudou no Ar.co e no Art Institute of Chicago. Está representado na Coleção de Arte da Fundação EDP.
Ana Léon
Curadoria: João Pinharanda
Fevereiro 2025
Ana León integrou um dos mais importantes (embora informais) grupos de artistas dos designados "anos 80", onde se incluíam nomes como Pedro Calapez, Rosa Carvalho, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis e José Pedro Croft. Depois de um período inicial em que a instalação e o desenho foram meios privilegiados de expressão, a artista desenvolveu a partir da década de 1990 uma peculiar relação com o vídeo (transcrito para digital a partir de originais em Super 8) realizando curtíssimos filmes segundo técnicas de stop motion. Pequenas figuras moldadas (entre o humano e o humanoide) realizavam pequenos teatros onde quotidiano e absurdo se fundiam. Mais recentemente passou a usar bonecos masculinos, criados por uma linha de brinquedos para adolescentes. A partir do desenvolvimento de uma gestualidade repetitiva, verdadeiras coreografias de dança contemporânea, esses modelos de masculinidade atlética dos anos de 1970 e 80 são confrontados com a sua fragilidade intrínseca, caindo, virando-se sobre si mesmos, olhando-se em espelhos virtuais.
Ana Léon (Lisboa, 1957) vive e trabalha em Paris. Estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e «Maitrise» em Estética, na Universitée de Paris I, Sorbonne, em Paris.
Jeff Wall
Curadoria: Sérgio Mah
Abril 2025
Jeff Wall (Vancouver, Canadá, 1946) é reconhecidamente um dos nomes maiores do panorama internacional das artes visuais das últimas décadas. Desde os anos setenta que o seu trabalho fotográfico tem privilegiado a produção de imagens que convoca situações e lugares simultaneamente comuns e sintomáticos da vida quotidiana. Embora trabalhando em fotografia, o seu trabalho explora articulações estéticas e conceptuais com os campos da pintura, da literatura, do teatro e do cinema, entendidos como modos correlativos de representação e ficção da realidade.
Ao longo da sua carreira, a obra de Jeff Wall tem granjeado um extenso reconhecimento crítico e institucional, sendo de destacar as exposições antológicas realizadas em museus como: o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA); a Tate Modern, Londres; o Stedeljik Museum, Amsterdão; a Foundation Beyeler, Basileia; e o Palais des Beaux Arts, Bruxelas. Em 2002, foi galardoado com o Prémio Hasselblad e várias revistas especializadas têm-no colocado na lista dos dez artistas mais importantes da atualidade.
Esta será a primeira exposição individual do artista em Portugal e uma das mais vastas realizadas até hoje sobre o seu trabalho. São 60 fotografias produzidas ao longo de mais de quarenta anos e que ocuparão a totalidade do espaço expositivo do MAAT Gallery.
Prémio Novos Artistas Fundação EDP
Curadoria: Sérgio Mah, Catarina Rosendo, Luís Silva
Abril 2025
Linha de baixo (da esquerda para a direita): Sara Chang Yan, Evy Jokhova, Alice dos Reis.
O MAAT apresenta as propostas dos seis finalistas do Prémio Novos Artistas Fundação EDP 2024: Alice dos Reis, Evy Jokhova, Francisco Trêpa, Inês Brites, Maja Escher e Sara Chang Yan. Estes jovens artistas foram selecionados entre cerca de 600 candidaturas por um júri constituído por
Catarina Rosendo (professora universitária e curadora), Luís Silva (Curador e Director do Kunstalle Lissabon) e Sérgio Mah (diretor-adjunto do MAAT). No âmbito desta exposição, um júri internacional irá selecionar o artista vencedor, ao qual a Fundação premiará com um valor de 20 mil euros.
Criada em 2000, esta iniciativa bienal destina-se a artistas com carreira individual curta e ainda não consagrada, sem limite etário, e em todas as modalidades das artes plásticas e visuais. O Prémio Novos Artistas da Fundação EDP é reconhecido como um dos mais significativos no panorama artístico nacional, e ao longo de duas décadas de história, com dimensão pública crescente, tem contribuído para mapear a trajetória de sucessivas gerações do universo artístico nacional.
Lista dos vencedores das anteriores edições: Joana Vasconcelos, Leonor Antunes, Vasco Araújo, Carlos Bunga, João Maria Gusmão e Pedro Paiva. João Leonardo, André Romão, Gabriel Abrantes, Priscila Fernandes, Ana Santos, Mariana Silva, Claire de Santa Colomba, Diana Policarpo e Adriana Proganó.
Miriam Cahn
Curadoria: Sérgio Mah
Junho 2025
Miriam Cahn (1949, Suíça) é uma destacada figura no panorama da arte contemporânea europeia tendo o seu trabalho tido, nos últimos anos, uma ampla aclamação crítica e institucional, na sequência de importantes exposições monográficas no Palais Tokyo (Paris), Museu Reina Sofia (Madrid), Museu Stedelijk (Amsterdão) e Haus Der Kunst (Munique).
A sua prática artística implica diversos meios e processos exploratórios, como a pintura, o desenho, a performance ou a instalação. Associada a motivações, atitudes e discursos que marcaram os movimentos feministas nas décadas de 70 e 80, no trabalho de Cahn o corpo surge como um meio e um tema fulcrais, através do qual investiga aspetos físicos, mentais e emocionais mediante imaginários plásticos fortemente idiossincráticos e subjetivos, questionando convenções em torno do género, corporalidade, desejo e violência. A exposição no MAAT incidirá maioritariamente na sua produção recente, em especial, nos trabalhos em pintura e desenho, e resulta de uma colaboração com o Museu Stedelijk, em Amsterdão.
Trata-se da primeira exposição individual de Miriam Cahn em Portugal, seguindo-se à sua participação na Bienal de Veneza em 2022 e a uma exposição no Palais de Tokyo, em Paris, em 2023.
Cerith Wyn Evans
Curadoria: Sérgio Mah
Outubro 2025
Vinculada às vertentes e derivações da arte conceptual, a prática artística de Cerith Wyn Evans (País de Gales, 1958) explora o modo como as ideias podem ser comunicadas e reconfiguradas através de diferentes formas, materiais e meios, onde se incluem a instalação, a escultura, o som, a fotografia, o filme e o texto. O início da sua carreira desenvolve-se nos domínios do cinema experimental, porém a partir da década de 1990 o trabalho de Cerith Wyn Evans pende para a exploração de temáticas ligadas à linguagem e à perceção, cruzando influências do cinema, música, literatura e filosofia. Exemplo disso, são as suas já celebres esculturas de texto em néon, nas quais cita passagens de textos literários ou legendas de filmes para criar obras com forte sentido plástico e que estimulam a imaginação do espectador.
Nos últimos anos, Cerith Wyn Evans tem realizado exposições individuais em alguns dos mais importantes museus e centros de arte internacionais, como o Centre Pompidou Metz (2024), o Pirelli HangarBicocca (2019), o Museo Tamayo, Cidade do México (2018), a Tate Britain, Londres (2017) e a The Serpentine Gallery, Londres (2014). Participou na Bienal de Veneza (2003, 2010, 2017), na 4ª Bienal de Moscovo (2011), na 3ª Trienal de Yokohama, Japão (2008) e na 9ª Bienal de Istambul (2005). Em 2018, Evans ganhou o Prêmio Hepworth Wakefield de Escultura com sua obra monumental Composition for 37 Flutes, 2018.
Margarida Correia
Curadoria: João Pinharanda
Outubro 2025
Margarida Correia investiga, especialmente através da fotografia, arquivos pessoais e institucionais, de comunidades específicas, que apresenta em exposições e através de catálogos de grande riqueza gráfica.
Nos últimos anos tem trabalhado sobre a memória de algumas comunidades de emigrantes portuguesas nos EUA. De uma dessas exposições (no Cinzeiro 8, Museu de Electricidade, 2011), intitulada New World Parkville resultou um catálogo distinguido pela crítica.
A sua nova proposta aborda uma questão transversal à arte atual relacionada com algumas questões históricas do pós-colonialismo. Através de entrevistas e recolhas de material Margarida Correia faz literalmente o retrato de um conjunto de enfermeiras para-quedistas do exército português de serviço em África, nas décadas de 60 e 70. Cenas da sua vida profissional e da sua vida quotidiana em África, momentos de trabalho e de lazer. Trata-se, mais uma vez de registar, recuperar e fixar memórias individuais e coletivas de um grupo profissional pouco estudado e pouco conhecido. No catálogo que acompanha a exposição será publicado um estudo específico sobre os dados a apresentar que poderá vir a constituir um marco de grande valor para a história em geral, para a história da fotografia, da guerra colonial e do papel das mulheres nesse episódio da história portuguesa.
Margarida Correia (Lisboa, 1972) vive e trabalha em Lisboa. Está representada na Coleção de Arte da Fundação EDP.
Isabelle Ferreira
Curadoria: Joana Neves
Outubro 2025
Isabelle Ferreira (França, 1972), nome em consolidação no meio artístico francês, com numerosas exposições institucionais, obras públicas urbanas e presença nas coleções do Estado, trabalha principalmente em função dos espaços disponibilizados realizando uma espécie de mobiliário escultórico onde insere pinturas, desenhos e objetos vários. Mas o seu foco de interesse é também político e social, nomeadamente a questão da emigração económica (ela mesma é filha de emigrantes portugueses) ou do exílio.
A exposição proporcionará assim uma experiência sensorial global: a partir de uma escolha de cores (das plantas encontradas nos caminhos da emigração "a salto"), de materiais (cerâmicas com a rugosidade das pedras das montanhas), de espaços (representados por fotografias das paisagens atravessadas). Um conjunto de enormes desenhos, realizados in situ, completará uma viagem que, no contexto histórico que vivemos, se percebe simultaneamente como memória pessoal e testemunho universal.
Fluxes (Trienal de Arquitectura)
Curadoria: Territorial Agency
Outubro 2025
Fluxes é uma exposição coletiva imersiva que transforma o edifício do MAAT Central, nas palavras dos curadores, numa Máquina do Antropoceno, num atlas dos 30 biliões de toneladas de detritos produzidos pela humanidade. São dispositivos que moldam energia, informação e fluxos materiais que se acumulam ao longo do tempo e se fundem no exoesqueleto duro das sociedades humanas.
A exposição decorre no âmbito da 7.ª Trienal de Lisboa, programada em torno da questão central How Heavy is a City? Quão pesada é uma cidade?, que aborda as complexas transformações da cidade e do seu contexto, revelando a sua nova configuração de magnitude planetária. Compreender as agências que a sustentam impulsiona uma redefinição da arquitetura e do que significa construir um território coletivo.
A curadoria de Territorial Agency conduz uma investigação sobre as dimensões espaciais do Antropoceno, explorando formas emergentes de cooperação e mutualidade. O programa envolve uma equipa multidisciplinar, da ciência à filosofia e às artes, é composto por três exposições centrais – Fluxes, Spectres e Lighter –, dois livros, três prémios, um ciclo de conferências e doze projetos independentes. A Trienal 2025 quer abrir um espaço público de aprendizagem, experimentação, inquietação, debate, entusiasmo, especulação e ação sobre os futuros possíveis da coabitação.
Pedro Casqueiro
Curadoria: João Pinharanda
Novembro 2025
Pedro Casqueiro integrou, com Ana Vidigal, Alda Nobre ou Madalena Coelho, um dos vários grupos informais de artistas que frequentaram a ESBAL (hoje FBAUL) nos anos de 1980. A sua pintura afirmou-se de imediato pela energia de cor e composição, pela indiferenciação entre não-figuração e figuração, como entre imagem pintada e utilização da palavra escrita, por uma permanente sabotagem dos pontos de vista, das hierarquias, dos materiais. O clima dominante do "regresso à pintura" e das revisitações históricas levou os críticos aproximar a sua obra inicial de certas soluções modernistas e do futurismo (no estilhaçamento das composições) ou do surrealismo (na abertura de imagens dentro de imagens, nos jogos de anamorfoses ou na criação de espaços paisagísticos alongados). Posteriormente, as texturas, as linhas mais ou menos livres que rodeavam cores fortes foram substituídas por imagens que quase diríamos gráficas, linhas claras delimitando cores suaves, criando padrões (sempre irregulares), letras que ocupam toda a superfície e compõem textos neutros ou sentenças ambíguas, espaços de arquiteturas modernistas sabotados por erros propositados. Esta obra vasta e tão diversa estabelece uma relação sempre irónica com a realidade.
Pedro Casqueiro (Lisboa, 1959) tem exposto em diversas coletivas no antigo Museu da Eletricidade e no MAAT e está representado na Coleção de arte da Fundação EDP.