Um legado fundamental da arquitectura é a sua própria forma. Não só a história se constrói a partir desse universo visual, mas a forma é também uma linguagem comum que agrega arquitectos de todo o mundo em torno de uma conversa colectiva. Nesta exposição da 4.ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa, três arquitetos/ateliers de arquitetura — Johnston Marklee, Nuno Brandão Costa e Office KGDVS — construíram, a partir de um arquivo potencialmente infinito, um diálogo que desafia as noções de autoria e os limites da forma.
Funcionando como uma “conversa”, a narrativa da exposição articulou-se ao longo dos vários módulos que formavam o espaço expositivo provisório, edificado na Praça da Central. Os módulos, citações literais de alguns dos projetos de Johnston Marklee, Nuno Brandão Costa e Office KGDVS, acomodaram os conteúdos criteriosamente selecionados por Mariabruna Fabrizi e Fosco Lucarelli a partir da extensa base de dados da plataforma digital socks-studio.com, criada por eles.
A linguagem da arquitetura foi explorada através da amostragem de desenhos construtivos, intervenções na paisagem, padrões urbanísticos, pesquisas artísticas, entre outros. Com origem em diferentes épocas e regiões do mundo, o conteúdo destacou as permanências e variações bem como marca as analogias e afinidades na criação de ambiente construído. Organizada a partir de doze espaços interligados, cada um deles integrou imagens ligadas a um núcleo, articulando-se numa continuidade de trabalhos que se relacionavam por afinidade ou oposição.
Com curadoria de Diogo Seixas Lopes (1972-2016), a exposição A Forma da Forma foi também um processo. O resultado final visou ser um “espaço de encontro” capaz de demonstrar o significado da forma no passado, no presente e no futuro do desenho de arquitetura.