A exposição reuniu cerca de 50 obras realizadas por 26 artistas, que datam desde os anos de 1970 até ao presente. Através deste panorama, que abrange cerca de meio século de produção artística, infere-se uma diversidade de formulações, transformações e questionamentos quanto à ideia da natureza e da nossa relação com a mesma. O tema geral da exposição foi equacionado à luz dos debates em torno do Antropoceno e das discussões sobre o impacto da ação humana sobre o ambiente.
A exposição estruturou-se através de afinidades entre as obras. Entre muitas ligações, podem ser referidas a inscrição do corpo no contexto natural, através da experiência e do registo da mesma (Alberto Carneiro, Pedro Vaz); o jardim como dispositivo crítico, onde se veiculam e questionam códigos culturais e se inscrevem experiências pessoais e coletivas (Vasco Araújo, Gabriela Albergaria); a tensão entre a esfera natural e tecnológica (Alexandre Estrela), e os impactos da última na primeira, num cenário ficcionado (Miguel Soares); o tratamento isolado de elementos concretos como objeto de atenção do artista (Luísa Correia Pereira, Fernando Calhau, Mariana Marote); as fronteiras entre perceção, representação e abstração na ideação da paisagem (João Queiroz, Cruz-Filipe); entre outros.
Além de várias obras raramente expostas ao público (como são o caso das obras de Manuel Baptista, Michael Biberstein, Fernando Calhau, Luísa Correia Pereira, Noronha da Costa, João Queiroz), a exposição apresentou uma série de aquisições mais recentes, de artistas como Gabriela Albergaria, Alberto Carneiro, Alexandre Estrela, João Grama, Mariana Marote, Miguel Soares e Pedro Vaz.
Com a exposição Segunda Natureza o MAAT deu início a um ciclo de apresentações da coleção de arte portuguesa da Fundação EDP, em formato de exposição e livro, nomeado como Perspetivas | Coleção de Arte Fundação EDP. Em cada edição, os curadores propuseram um enfoque temático que se traduziu numa seleção singular de trabalhos de artistas portugueses. A sucessão destas escolhas curatoriais apresentou as obras da coleção como uma plataforma viva que proporcionou diferentes reflexões e interpretações em torno da contemporaneidade.