A Fundação EDP encomendou ao artista Pedro Cabrita Reis a obra Central Tejo, erguida em junho de 2018. Foram-lhe apresentadas algumas localizações possíveis, mas Cabrita Reis já sabia exatamente onde queria instalar a peça: num pontão do Tejo em frente à antiga central elétrica, onde atracavam os batelões que forneciam carvão para a fábrica de energia, antes de esta ser convertida em museu. “É um local histórico. Ao fazer-se ali uma obra, ela seria imediatamente parte da história da cidade.”
Para conseguir o delicado equilíbrio entre monumentalidade e leveza, Cabrita Reis recorreu a dois dos seus materiais prediletos — tubos de alumínio e luzes fluorescentes. Transversais à sua obra desde meados dos anos 2000, estes materiais são a base de algumas das peças mais destacadas deste artista (n. 1956), como a instalação A Remote Whisper, apresentada na Bienal de Veneza em 2013. “Trabalho com materiais do dia a dia, que são facilmente reconhecidos”, explica o artista. “As pessoas veem uns simples tubos de alumínio e umas luzes fluorescentes, que são as mesmas que têm em casa, e ficam desarmadas.” A configuração da peça também tinha de ser simples. “A simplicidade,” sublinha o artista, “é sempre o objetivo”.
Cabrita Reis imaginou duas torres interligadas, livres de qualquer elemento supérfluo, que se fundem com a paisagem e refletem a luz do rio enquanto emanam uma luz própria — como esqueletos luminosos de dois prédios gémeos. Aos olhos do artista, a obra evoca uma “estranha máquina para produzir luz,” e lembra a antiga função da Central Tejo enquanto central elétrica.
Cabrita Reis julga que a sua Central Tejo é já parte integrante da paisagem da beira do Tejo. “Claro que a escultura foi feita para Lisboa e para os lisboetas,” diz. “Mas também foi feita para o rio.”