Com curadoria de João Mourão e Luís Silva, o maat apresenta a primeira exposição monográfica do artista brasileiro Jonathas de Andrade em Portugal: um núcleo de peças que percorre toda a carreira do artista, envolvendo meios como a fotografia, o vídeo, a escultura e a instalação, que permite ao público conhecer uma das mais idiossincráticas e interessantes obras artísticas contemporâneas.
A prática de Jonathas de Andrade, colaborativa por natureza, especula sobre as deficiências das utopias, ideais e cosmovisões na América Latina, mais especificamente no Nordeste do Brasil, e da identidade nordestina. A sua obra aborda questões relacionadas com o universo do trabalho e da identidade contemporânea, quase exclusivamente através da desconstrução do corpo masculino, e tende a evocar a nostalgia, o erotismo e a crítica histórica e política.
Embora a presença do corpo masculino tenha vindo a ocupar um lugar central na prática de Jonathas de Andrade ao longo dos anos, ele nunca foi entendido como uma investigação ou um tópico em si mesmo, mas antes como ferramenta para questionar outros assuntos. Olho – Faísca procura corrigir isso ao inverter essa premissa e focar-se no papel que os homens, os corpos deles em todo o seu esplendor erótico e os seus locais de encontro clandestinos tiveram na construção de um olhar homoerótico profundamente ambíguo, repleto de nuances, e por vezes conflituoso e contraditório.
A exposição é uma coprodução do maat com o CRAC Alsace, em França, onde foi apresentada no verão de 2022.
Jonathas de Andrade (Maceió, Brasil, 1982) vive e trabalha no Recife, no Nordeste do Brasil. Entre várias exposições individuais, incluem-se: Staging Resistance (Foam – Fotografie Museum Amsterdam, Amsterdão, 2022), One to One (MCA – Museum of Contemporary Art Chicago, 2019), Visões do Nordeste (Museo Jumex, Cidade do México, 2017), O Peixe (New Museum, Nova Iorque, 2017), Convocatória para um mobiliário nacional (MASP – Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, 2016), Museu do Homem do Nordeste (MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, 2014). Participou em diversas bienais e em 2022 representou o Brasil na edição da Bienal de Veneza, com a exposição Com o coração saindo pela boca.