Na primeira encomenda para uma intervenção no espaço central do novo edifício do MAAT, a artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster (n. 1965) foi convidada a criar uma obra site-specific em torno do tema da programação que inaugurou o museu: “Utopia/Distopia”.
Evocando um conto de fadas para o século XXI, nesta obra inédita, Gonzalez-Foerster proporcionou aos visitantes uma experiência lúdica e intrigante, transformando-os numa parte integrante da obra. Pynchon Park (2019) materializou-se na arena branca oval do MAAT, com quase mil metros quadrados. Uma vasta área, pontuada por numerosas bolas suíças e tapetes coloridos em forma de livros abertos, foi coberta por uma rede turquesa e a circulação limitada a dois grandes portões de metal que permaneciam abertos por pouco tempo. Ouviam-se sons do mar e um corpo celeste, perpetuamente no horizonte, em transição permanente entre sol quente e lua fria, comandava um breve ciclo de dia e noite. Para a artista, este era um lugar onde "extraterrestres haviam decidido reunir humanos para observar e apreciar o seu comportamento".
Pynchon Park surge na sequência de outros ambientes de grande escala, como TH.2058 (Tate Modern, Londres, 2008), ou Ballard Garden (deSingel, Antuérpia, 2014), nos quais Gonzalez-Foerster combina vários media, sobrepõe referências literárias clássicas e alude a imagens de distopia que encontra no universo da ficção científica.