A presente exposição inaugura o novo programa do museu, construído em torno das coleções da Fundação EDP. Assente em apresentações anuais com conceção e curadoria de especialistas e profissionais convidados de diferentes campos disciplinares e contextos de investigação, o programa inclui uma série de exposições que visam propor uma nova abordagem aos modos de ativação dos repositórios de conhecimento enquanto entidades vivas onde as narrativas do tempo e da história se entrecruzam e enriquecem.
Concebida pelo historiador de arquitetura e curador Joaquim Moreno, Contadores de Histórias é a primeira exposição que reúne diversas peças de arquivo – objetos visuais, instrumentos e aparelhos da Coleção de Património Energético Fundação EDP.
Com origem na raiz latina computator, a palavra portuguesa "contador" designa tanto um instrumento de medição e contagem, quanto aquele que conta uma narrativa, que transforma uma soma de acontecimentos numa história. A estratégia curatorial aqui proposta para contar a história da eletricidade pressupõe uma espécie de inversão de papéis, usando os contadores como narradores, como instrumentos que contam histórias.
A invenção do contador de eletricidade transformou a energia numa mercadoria, e as suas subsequentes iterações contam diferentes facetas dessa história: da cobrança de tarifas ao fabrico de eletrodomésticos elétricos, da iluminação pública à mobilidade elétrica, da gestão da rede elétrica à prevenção de fraudes, dos sistemas de medição mecânicos aos eletrónicos.
A exposição relata, pois, os capítulos da história da energia elétrica desde o final do século XIX até ao presente. Dez tipos diferentes de contadores são as peças nucleares de dez episódios temáticos integrados numa instalação especial desenhada pelo Estúdio Pedrita e que se estende por todo o percurso concebido para o espaço da Central Tejo (construída em 1908).
Do sistema de medição eletroquímica inventado por Edison em 1882 aos recentes contadores bidirecionais e ao Wallbox (dispositivo para carregamento de veículos elétricos), estes contadores são apresentados a par de um conjunto de objetos, instrumentos, equipamentos e documentos que convocam o seu percurso histórico. O "contador C", por exemplo, considerado o "contador dos tempos modernos", apresenta-se rodeado de aparelhos da época, bem como de um conjunto de cartazes publicitários relativos a eletrodomésticos das décadas de 1930 a 1970. Adotado em 1969, este contador transformou a luz no motor da modernização doméstica.
Nas palavras do curador: "A evolução dos contadores e dos sistemas de medição – desde a medição ótica, passando pela medição mecânica com instrumentos de precisão suíça, até à mais recente computação dos atuais contadores eletrónicos – comporta sempre uma transformação radical tanto do que é contado como do modo como se conta, e é uma oportunidade para que os objetos manifestem a sua história."
Curadoria: Joaquim Moreno
Design da exposição: Estúdio Pedrita
Design gráfico: Lisa H. Moura, maat