Esta exposição deu continuidade à pesquisa de Carla Filipe em torno das estratégias visuais e gráficas utilizadas pelo discurso político, em particular o cartaz reivindicativo. O projeto apresenta um conjunto de símbolos e grafismos oriundos do discurso político pós-25 de abril de 1974, mas retirando-lhe toda e qualquer plasticidade manual.
A bandeira é a forma escolhida para dar corpo às composições complexas, de grandes dimensões, onde repetições e variações dos elementos iniciais, recolhidos dos materiais gráficos das reivindicações políticas da história recente do país, subjugam e contradizem a sua própria origem e identidade.
Carla Filipe (n. 1973) recorre a estas imagens superficialmente despolitizadas, ou às quais foi removida qualquer agência política, para se interrogar sobre o estatuto que o artista ocupa na configuração sociopolítica atual. Desprovida de capacidade reivindicativa individual e sem a força de um corpo coletivo que a apoie, a artista ameaça: “Amanhã não há arte”, como uma tentativa de mobilização face aos desafios que a comunidade artística enfrenta.