A prática de Ana Guedes conjuga som, instalação e performance, interligando temporalidades e narrativas históricas e autobiográficas. Na sua primeira exposição individual em Berlim, a artista apresenta On recurrences: 7º Volume. Edição nº 13 007/1448. 30’07’’, um trabalho desenvolvido no âmbito da residência artística que realizou durante um ano na prestigiada Van Eyck Academie, em Maastricht, na Holanda, e que explora crónicas de êxodo e privação associadas à sua história familiar e ao passado colonial português.
Nesta obra, Ana Guedes (n. 1981) cria um intrigante mecanismo de reverberação e ampliação de som composto por gira-discos sincronizados, uma estrutura modular de ressonância, favos de abelha, e pelo próprio espaço expositivo, tornando-o parte integrante da sua instalação sonora. O trabalho parte de uma coleção de discos de vinil das décadas de 1960, 70 e 80 e de livros de orientação marxista que a artista herdou do seu pai e que mapeiam a sua história familiar entre Angola, Portugal e Canadá. Sondar e digerir estes fragmentos de história e memória surge como forma de refletir sobre as ramificações pessoais, sociais e naturais de estruturas de poder instituídas.
Ana Guedes foi uma das artistas finalistas do prémio Novos Artistas Fundação EDP 2017, tendo recebido uma Menção Honrosa pelo trabalho que apresentou.