Numa das mais importantes exposições do ano, o MAAT apresenta Disco, uma exposição com mais de 500 pinturas de Vivian Suter – a artista suíço-argentina que explora as possibilidades da pintura e a sua relação com a natureza.
Ao longo das últimas quatro décadas, a pintora suíço-argentina Vivian Suter tem vindo a construir uma obra monumental em Panajachel, na Guatemala. Disco, título da exposição que é também o nome do cão da artista, apresenta o culminar deste trabalho, com mais de 500 pinturas, incluindo 163 peças expostas pela primeira vez. A localização geográfica de Vivian Suter desempenha um papel fundamental na sua prática artística, influenciando profundamente tanto o seu processo criativo, como o resultado das suas pinturas.
Vivian Suter afirma «Nada do que tenho trabalhado como artista teria sentido sem este lugar, sem estas árvores, sem as folhas, sem os meus cães que me seguem para onde quer que eu vá.». De facto, em Panajachel, o seu trabalho tomou um novo rumo.
As pinturas abstratas de Vivian Suter são o resultado de uma relação diária, física e emocional com os materiais e as contingências da natureza no local onde vive e trabalha. A chuva, a terra, a humidade e as pegadas dos animais habitam frequentemente as suas telas, exprimindo a estreita interação entre a artista e o ecossistema em que a obra é gerada. «Ela descobriu um cenário fecundo onde se entregou a uma prática disciplinada, solitária e obsessiva, através da qual foi constituindo uma linguagem plástica única, um idioma expressivo particular, com as formas vivas deste lugar. Aqui, a sua pintura passa a incorporar e a responder às circunstâncias imediatas das suas condições de trabalho, com o biótopo, os ciclos sazonais, a meteorologia, a luz, a flora, a vida animal e todas as outras forças vitais que permeiam este espaço natural.» escreve Sérgio Mah, o curador da exposição, no seu ensaio Estação meteorológica para o catálogo.
Todas as pinturas reunidas nesta exposição não têm título nem são datadas, embora Vivian Suter assuma terem sido feitas nos últimos dez anos. Utiliza várias técnicas e materiais, incluindo acrílico, óleo e pigmentos misturados com cola de peixe. No entanto, quando são pintadas no exterior, onde muitas vezes permanecem durante dias, semanas ou meses, as telas ficam expostas ao sol, ao vento, à chuva e à humidade, incorporando sujidade, folhas, detritos, restos de insetos e pegadas dos seus cães.
«É um trabalho colaborativo, sem hierarquia ou preconceções, e com total abertura para integrar os vestígios e os efeitos casuais e imprevisíveis da natureza, o seu devir, os ritmos, as formas e as forças que têm origem e se abrigam nela.» acrescenta Sérgio Mah.
Disco surge após vários momentos de grande aclamação da crítica internacional, na sequência da sua participação na Documenta 14, em 2017, e das suas exposições no Museu Nacional Reina Sofia, em Madrid, e Vienna Secession. Disco viajará para o Palais de Tokyo no verão de 2025, fruto da colaboração entre as duas instituições.
Mecenas MAAT:
Patrocinador da exposição:
Apoio:
Swiss Arts Council Pro Helvetia
ArtWorks
Biografia:
Vivian Suter nasceu em Buenos Aires, em 1949, de pais europeus exilados na Argentina – o seu pai tinha uma fábrica de impressão têxtil em Buenos Aires, e a sua mãe, Elisabeth Wild, era artista. Aos 12 anos de idade, durante o regime de Péron, a sua família mudou-se para Basileia, na Suíça, onde Vivian estudou pintura. Em 1982, pouco tempo depois da sua primeira exposição coletiva na Kunsthalle Basel, visitou a América Latina; no ano seguinte mudou-se para Panajachel, junto do Lago Atitlán, na Guatemala. O ambiente, clima, vegetação e animais locais tornaram-se temas centrais na sua obra. As obras de Suter, pintadas sobre tela toscamente esticada e expostas sem grades e sem molduras, não têm título e não são datadas. Apresentam vestígios de chuva, lama, folhas e da presença dos seus cães Bonzo, Tintin, Nina e Disco, cujas pegadas contribuem para a qualidade orgânica e viva das pinturas. Quando expostas, são frequentemente sobrepostas, penduradas e balançam com o vento, as correntes de ar ou com o movimento dos visitantes. As suas principais exposições incluem: Kunstmuseum Olten, 2004; Kunsthalle Basel, 2014; Bienal de São Paulo, 2014; documenta 14, Kassel e Atenas, 2017; Power Plant, Toronto, 2018; the Art Institute of Chicago, 2019; Camden Art Centre, Londres, 2020; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, 2021; Secession, Viena de Áustria, 2023. Vivian Suter está representada em importantes coleções, como a Tate em Londres, o Museu de Arte Moderna de Varsóvia, o Solomon R. Guggenheim Museum em Nova Iorque, bem como o Kunstmuseum Basel na Suíça e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid, entre outros.
Material de Apoio
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão
Fotografia: Daniel Malhão