Curso de cultura visual
História e visualidade da pintura, fotografia e cinema
Com Isabel Nogueira
É tão comum como verdadeiro dizer-se que a imagem está presente um pouco por todo o lado. Já em 1994, na obra Picture Theory: Essays erbal on Verbal and Visual Representation, W. J. T. Mitchell se referia a uma mudança pictural que caracterizou como a passagem da predominância do livro para a imagem. Não quer isto dizer, contudo, que vivamos necessariamente num mundo hegemonicamente imagético, apesar de esta ideia ser compreensível e, até certo ponto, pertinente. Consideramos que, ao longo da história, e particularmente da história da arte, houve vários períodos de cisão e mudança determinantes o conceito, estatuto e função da imagem. Um dos mais relevantes foi o advento da fotografia e, um pouco depois, do cinematógrafo, que desencadeou a designada “crise da representação”. Mas é certo que no nosso tempo algo está a suceder com a imagem, na sua imensa produção e reprodução, no cruzamento livre dos seus suportes e na sua relação complexa com a perceção do espectador e, sobretudo, com as expectativas em torno da própria imagem. Propomos debruçar-nos especificamente sobre a imagem pictórica, fotográfica e cinematográfica: a sua história, os seus pressupostos estéticos, as suas gramáticas artísticas e linguagens visuais.
Objetivos
– A compreensão conceptual, histórica e crítica do universo da cultura visual, especificamente reportado à imagem artística na sua componente plástica e comunicativa.
– A identificação das particularidades, questões e relações recíprocas da imagem nos diferentes suportes e linguagens: pintura, fotografia, cinema, vídeo.
– O incremento da capacidade de leitura, interpretação, comparação e análise da imagem artística na sua complexidade e localização no mundo contemporâneo.
Conteúdos programáticos
1. O conceito de imagem na cultura ocidental. A imagem como representação e sistema de significação.
2. A “crise da representação”, a busca de novos códigos visuais na pintura e o advento da fotografia. História e representação dos géneros tradicionais da arte bidimensional (paisagem, retrato e natureza-morta).
3. Breve história da fotografia na contemporaneidade.
4. A invenção do cinema e dois momentos históricos e estéticos relevantes:
4.1. As vanguardas das primeiras décadas do século XX (futurismo, expressionismo,
impressionismo, dadaísmo, surrealismo, vanguarda russa);
4.2. A neovanguarda internacional, o experimentalismo americano dos anos 60 e 70 e o filme underground.
Isabel Nogueira é doutorada em Belas-Artes, área de especialização em Ciências e Teorias da Arte (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) e pós-doutorada em História e Teoria da Arte Contemporânea e Teoria da Imagem (Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne). É historiadora e crítica de arte contemporânea, professora e ensaísta. Professora na Sociedade Nacional de Belas-Artes, é também investigadora integrada do CIEBA/Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e do Institut Æsthetica: Art et Philosophie/Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. É editora da revista Arte e Cultura Visual (CIEBA) e autora correspondente da revista Recherches en Esthétique. Monografias/ensaios mais recentes: Teorias da Arte: Do Modernismo à Actualidade (Book Builders, 2019; 2.ª ed. 2020); Como Pode ‘Isto’ Ser Arte? Breve Ensaio sobre Crítica de Arte e Juízo de Gosto (Edições Húmus, 2020); História da Arte em Portugal: Do Marcelismo ao Final do Século XX (Book Builders, 2021); Crítica de Arte ou o Espaço entre a Obra e o Mundo (Edições Húmus, 2021); Histoire de l’art au Portugal (1968-2000) (L’Harmattan, 2022).
Bibliografia
Livro que acompanha as sessões:
Isabel Nogueira – A Imagem no Enquadramento do Desejo: Transitividade em pintura, Fotografia e Cinema. Lisboa: Book Builders, 2016.