São várias as referências aforísticas que proclamam a afinidade das duas grandes disciplinas convocadas para esta conversa: arte e ciência. Vias de acesso ao mundo, registos e processos sofisticados para o compreender, a arte e a ciência serão talvez as áreas que mais expressivamente apresentam a curiosidade e a imaginação que caracterizam as investigações em que nos lançamos para pensar a vida e futuros possíveis.
Nolan Oswald Dennis, um dos artistas da exposição Black Ancient Futures, e o astrofísico e comunicador de ciência Pedro Russo, membro da direção da Ciência Viva/Pavilhão do Conhecimento e professor assistente na Universidade de Leiden, são convidados a refletir sobre estes e outros temas no MAAT, a partir da obra do artista.
Composições visuais de grande escala a preto e branco, os desenhos do artista utilizam dados científicos para a criação de linguagens ficcionadas, procurando levar as pessoas a olhar para o céu e a terra, o passado e o presente, os desastres do passado colonial, as questões de racialização e de classe, desenvolvendo um discurso para o futuro.
No caso de uma das obras concebidas especificamente para esta exposição, por exemplo, o artista explora um evento real que se transforma num marco simbólico: o eclipse total do Sol (que ocorrerá a 2 de agosto de 2027), que será observável em todo o Saara, território de fronteira, de separação e também de união, das duas Áfricas.
Com: Nolan Oswald Dennis, Pedro Russo e Camila Maissune
Horário: 18h30-19h30
Duração: 60 minutos
Espaço: MAAT Central (junto à obra de Nolan Oswald Dennis)
Lotação: máx. 60 pessoas
Idioma: Inglês, sem tradução
Preço: 15€ (o bilhete deste programa concede acesso no dia a visitar todas as exposições patentes no museu).
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Nolan Oswald Dennis (Zâmbia, 1988) vive e trabalha entre Joanesburgo e o Reino Unido. As suas obras expõem as modalidades de atuação do colonialismo e como este continua a influenciar as estruturas sociais e políticas contemporâneas e a ter impacto nas infraestruturas de organização da sociedade. Através de uma linguagem de diagramas, desenhos e modelos estruturais, imagina futuros alternativos, criando visões utópicas, mas também distópicas, das sociedades futuras.
Dennis trabalha uma gramática de criação de mundos utilizando dispositivos indexicais, analíticos e educativos como ferramentas enigmáticas para estudar possíveis significados. Com os seus diagramas, proporciona uma forma única e cativante de visualizar e compreender a dinâmica intrínseca e muitas vezes oculta que define o nosso mundo. Estes diagramas permitem relacionar várias coisas, exigindo um pensamento sobre objetos muitas vezes irrefletidos, e estão aptos a transmitir ideias complexas através de formas simples. Esta abordagem convida o público a envolver-se com as ideias apresentadas, obrigando a uma análise e interpretação aprofundadas das relações entre os corpos.
Pedro Russo é Professor de Astronomia e Sociedade da Universidade de Leiden (Países Baixos) e membro da direcção da ciência Viva. É licenciado em Astronomia e tem um Mestrado em Geofísica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Porto. Em 2008, coordenou globalmente o Ano Internacional da Astronomia 2009, uma iniciativa da União Astronómica Internacional e da Unesco. Foi bolseiro para a Investigação do Sistema Solar no Instituto Max-Planck, na Alemanha. Está ligado a várias instituições internacionais, como a International Astronomical Union, a European Astronomical Society e ECSITE. O seu trabalho recebeu vários prémios, incluindo o Seeds Special Award 2009, o Scientix Best Educational Resource em 2015 e 2016, o Most Innovative Educational Activities em 2017 e 2018 pela HundrED, o 2018 Leiden University’s K.J. Cath Prize e o primeiro NWO Science Communication Award em 2020.