A árvore tem forte representação e simbologia em muitas culturas e linhas de pensamento. Tida como elemento que liga o céu, a terra e o submundo, é também sinónimo de evolução e regeneração e ilustra ciclos de vida. Nesta conversa, Ilan Ashkenazi, Padre Francisco Mota, Undine Whande exploram as diferentes perspetivas e ligações do elemento árvore à luz da Cabala, ao Cristianismo e à ancestralidade.
O compromisso de Joana Vasconcelos para com a saúde, o bem-estar e a espiritualidade curativa é a razão deste ciclo de conferências. A Árvore da Vida foi uma das escolhas de Fausta Rendall para a ponte entre Arte e Cura.
Ilan Ashkenaz conta com 35 anos de experiência como professor de Estudos Judaicos e Cabala, bem como uma longa carreira como artista e escultor. Nasceu em Telavive em 1957. O principal conceito do seu ensino da Cabala é A Árvore da Vida. Como artista, Ashkenazi é um mestre da escultura e um alquimista de materiais e meios, tendo uma vasta obra de esculturas de grande escala, obras de arte cinética, desenhos e fotografias, inspirados nos seus estudos aprofundados e na riqueza simbólica e espiritual dos mesmos. Em 2020, mudou-se para Portugal, para a aldeia da Carrasqueira no Alentejo, tendo criado uma série de esculturas acerca do Sobreiro.
Francisco Mota entrou na Companhia de Jesus em 2004 e foi ordenado sacerdote em 2016. Frequentou a licenciatura em Direito na Universidade Católica Portuguesa. É licenciado em Filosofia (Universidade Católica Portuguesa, Braga) em Teologia (Heythop College, Londres). É mestre em Teoria Política (IEP-UCP, University of Oxford) e em Ética Social (Boston College). Diretor-geral da Brotéria desde 2019, é também Vice-Presidente do JRS-PT, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Encarnação e Presidente da Direção do Centro Paroquial de Nossa Senhora da Encarnação.
Undine Whande trabalha desde 1995, como profissional e académica, nos temas do conflito transformacional e da mudança social. Nasceu na Alemanha. Tem um Doutoramento em Antropologia Social pela Universidade da Cidade do Cabo. No contexto da transição política e social na África do Sul pós-1994, desenvolveu a sua experiência como mediadora de conflitos, formadora e facilitadora em processos de mudança social. Participou e moldou o processo de Cura das Memórias na África do Sul e continua a trabalhar em processos de justiça transicional. No seu trabalho como coach de liderança sistémica, acompanha indivíduos e organizações que procuram desenvolver o potencial de cura e desenvolvimento a partir de experiências de conflito e crise. A sua abordagem está fortemente enraizada em princípios de respeito, reconhecimento e valorização da biografia e do percurso de vida de cada indivíduo.
Árvore da Vida (2023)
Partindo do desafio para dialogar com a escultura de Gian Lorenzo Bernini na Vila Borghese, Joana Vasconcelos imaginou a árvore em que a figura mitológica de Dafne se transforma quando, fugindo às investidas amorosas de Apolo, decide adquirir a forma de um loureiro. Um gesto de autodeterminação e superação que encontrou paralelo quando – no confinamento a que o seu atelier se viu forçado devido à pandemia de Covid 19 – a artista plástica pediu aos artesãos que com ela trabalham que se ocupassem da produção de folhas. 140.000 no total, todas bordadas à mão, com motivos diferentes, tal como o canutilho de Viana do Castelo, assentes em 354 ramos que dão forma a uma árvore com mais de 13 metros de altura. Criação site-specific para a Sainte-Chapelle de Vincennes em Paris, levada a cabo em colaboração com o Centre des Monuments Nationaux para celebrar a Temporada Cruzada Portugal-França 2022, e com curadoria de Jean-François Chougnet, a obra reforça a verticalidade do vínculo entre terra e céu, mundano e espiritual. Adaptada agora ao espaço do maat, prossegue o diálogo com as especificidades da arquitetura. Combinando perícia manual e eletricidade, estabelece na perfeição a ligação entre “arte e tecnologia”.